Papa vai liberalizar a celebração da missa em Latim
O papa Bento XVI vai liberalizar a celebração da missa em latim, segundo o antigo rito em uso antes do Concílio do Vaticano II, declarou hoje o bispo colombiano Dario Castrillon Hoyos na assembleia do bispos latino-americanos, em Aparecida. Castrillon encabeça a comissão Ecclesia Dei que tenta há vários anos renovar os laços com a Fraternidade Pio X, criada pelo bispo francês integrista e cismático Marcel Lefebvre, falecido em 1991.
"O Santo Padre, que foi durante alguns anos membro desta comissão, quer que ela se torne num organismo da Santa Sé com a finalidade própria e distinta de conservar e de manter o valor da liturgia latina tradicional", declarou o bispo colombiano à assembleia episcopal. O bispo indicou que se trata de uma "oferta generosa" do papa que "quer colocar à disposição da Igreja todos os tesouros da liturgia latina". Esta decisão representa um gesto de abertura em direcção a um dos grupos católicos mais conservadores do século XX. "O compromisso mais importante, que diz respeito a toda a Igreja, é de tentar pôr um ponto final às acções cismáticas, e de reconstruir sem ambiguidades a total comunhão", acrescenta Castrillon.
A Fraternidade Pio X, fundada por Marcel Lefebvre e que rompeu com Roma, rejeita toda e qualquer renovação da Igreja, em particular as decisões do Consílio do Vaticano II dos anos 60 que modernizou o catolicismo. Entre as suas reivindicações figura a continuação da liturgia em latim segundo o rito de Santo Pio V, que remonta ao século XVI.
Os partidários de Lefebvre são actualmente quatro bispos, cuja ordenação foi ordenada por Lefebvre, 500 padres e 600 mil fiéis em 26 países, segundo Castrillon.
Em Setembro, Bento XVI obteve a reunião de vários padres integristas franceses excomungados por João Paulo II ao acordar-lhes a liberdade de celebrar a missa tradicional em latim.