Paquistão lança operação militar na Índia em retaliação

Está a escalar a tensão entre a Índia e o Paquistão. O exército paquistanês lançou, na madrugada deste sábado, uma grande ofensiva militar contra vários alvos indianos, depois de ter acusado Nova Deli de atacar bases aéreas.

Inês Moreira Santos - RTP /
Adnan Abidi - Reuters

"A Índia atacou com mísseis (...) as bases de Nour Khan, Mourid e Chorkot foram alvos", frisou o porta-voz do Exército paquistanês, o tenente-general Ahmed Chaudhry, prometendo uma resposta a Nova Deli.

Nas últimas horas, o vice-primeiro-ministro do Paquistão, Ishaq Dar, declarou que esta operação lançada pelo exército paquistanês vai terminar "de alguma forma" e que o desfecho está nas mãos da Índia.

"Esta operação que começámos hoje vai acabar de alguma forma. Tudo depende do que a Índia quer", disse Dar, também ministro dos Negócios Estrangeiros, à Geo.tv, do Paquistão.


De acordo com o ministro, Islamabade "não tinha outra resposta" e adotou simplesmente uma postura defensiva, respondendo de forma "proporcional e ponderada" às ações militares indianas

A "Operación Bunyanun Marsoos" vai "durar algum tempo", acrescentou.

Enquanto Islamabade insiste que ainda não executou a resposta prometida desde os ataques indianos de quarta-feira, pela segunda noite consecutiva, Nova Deli afirmou ter sido alvo de uma onda de ataques de drones paquistaneses na Caxemira e no Punjab, no noroeste do seu território.

A imprensa internacional fala em, pelo menos, cinco mortos. Foram atingidos alvos do norte da India, assim como na região indiana de Caxemira.

A Índia confirmou ter sofrido danos, embora limitados, pelos ataques do Paquistão nas últimas horas contra várias bases aéreas indianas ao longo da fronteira comum, afirmando que a maioria das agressões foi neutralizada.

"A Índia neutralizou com sucesso a maioria destas ameaças. No entanto, houve danos limitados em equipamento e pessoal nas bases da Força Aérea indiana em Udhampur, Pathankot, Adampur e Bhuj
", disse o comandante do Exército indiano, Vyomika Singh, numa conferência de imprensa.

O comandante indiano acusou o exército paquistanês de atacar instalações civis dentro das bases, como um centro médico e uma escola.

A operação "Muralha de Chumbo" é a retaliação do Paquistão aos mais recentes ataques.


Os países do G7 já vieram pedir máxima moderação e apelaram ao "diálogo direto".

"Pedimos à Índia e ao Paquistão a máxima contenção. Uma nova escalada militar coloca a estabilidade regional em sério risco. Estamos profundamente preocupados com a segurança dos civis de ambos os lados", lê-se num comunicado conjunto dos ministérios de Itália, Canadá, França, Alemanha, Japão, Reino Unido, Estados Unidos e da Alta Representante da União Europeia.

O grupo de países mais industrializados do mundo apelou ainda para "o diálogo direto" entre as duas potências nucleares, "com vista a uma saída pacífica".

"Continuamos a acompanhar de perto os acontecimentos e manifestamos o nosso apoio a uma resolução diplomática rápida e duradoura".

A Casa Branca garantiu também estar a acompanhar a situação.

A crise entre as duas potências nucleares, desencadeada por um ataque terrorista mortal em 22 de abril que matou um grupo de turistas na Caxemira administrada pela Índia, tem vindo a agravar-se nas últimas semanas, tendo aumentado, na quarta-feira, com o bombardeamento, por Nova Deli, de bases terroristas suspeitas em território paquistanês.

Pelo menos 82 pessoas morreram desde o início do conflito. A Índia registou 49 mortes, incluindo os 26 turistas indianos que perderam a vida no ataque terrorista. Do lado paquistanês, o número de mortos é de 33, com mais 62 feridos, incluindo 14 soldados.

Os ataques entre os dois países aprofundam décadas de tensão e conflito, em especial no que respeita à disputada região de Caxemira.

C/agências
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