Parlamento português aprova votos de pesar pela morte de ultraconservador dos EUA Charlie Kirk
A comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros aprovou esta segunda-feira votos de pesar do Chega e CDS-PP pelo assassínio do influenciador ultraconservador norte-americano Charlie Kirk, após um debate marcado por trocas de acusações entre Chega e Livre.
A polémica surgiu quando o Chega pediu o adiamento potestativo de um voto de pesar do Livre pelas vítimas de violência política nos Estados Unidos.
Rui Tavares protestou e recordou que, já na reunião da semana passada, o Chega se opôs à inclusão da iniciativa do Livre na ordem de trabalhos, impedindo, na prática, que fosse debatida ao mesmo tempo que os projetos do CDS e Chega, apesar de terem "uma ligação material".
O líder do Livre apelou à "sensatez e flexibilidade" da bancada do Chega e ameaçou exercer "o mesmo direito de adiamento potestativo" em relação às propostas daquele partido.
O deputado Ricardo Pinto afirmou que "o Chega nunca cederá a qualquer tipo de chantagem", o que Tavares negou, dizendo tratar-se de "uma retaliação".
"Devido a manobras, em meu entender, dilatórias, não foi possível discutir a violência política, incluindo vítimas dos dois maiores partidos dos Estados Unidos" desde junho, criticou Rui Tavares, que repudiou o homicídio de Kirk e evocou o assassínio da congressista estadual democrata (do Minnesota) Melissa Hortman e os ataques aos democratas John Hoffman e Josh Shapiro.
O debate e votação da iniciativa do Livre, para "condenar cada ato de violência politica, independentemente do autor e da vítima ou dos motivos", ficaram mesmo adiados, com Diogo Pacheco Amorim a prometer a Rui Tavares um voto favorável do Chega.
Pacheco Amorim considerou "absolutamente lamentáveis" as "muitas reações de regozijo, por parte da esquerda", à morte de Kirk.
Pelo PS, Catarina Louro lamentou "a morte de Charlie Kirk e de todas as vítimas de violência política", mas considerou que o projeto de voto do Chega "vai muito além de um voto de pesar".
O deputado do PSD Paulo Neves deplorou "o horror" do ataque a Kirk, mas lamentou que se "fulanize" esta questão, criticando a bancada socialista.
"O PS não acompanhar esta condenação define perfeitamente os tempos novos que agora vivemos", condenou, antes de concluir: "Não há bons nem maus assassínios".
A deputada socialista Eva Cruzeiro justificou o seu voto contra: "Racismo e homofobia são formas de violência política, não de liberdade de expressão. Torna-se uma vítima de assassínio num herói, quando o que ele fazia eram discursos de ódio", considerou, apesar de ressalvar que sempre lamentou a morte do ativista ultraconservador norte-americano.
Kirk, 31 anos, defendia, entre outras convicções, a ideia de que valia a pena sacrificar as vidas de algumas pessoas, assassinadas a tiro nos Estados Unidos, para que os cidadãos norte-americanos pudessem manter o direito de possuir armas de fogo.
O ativista, pai de dois filhos, era um aliado próximo do Presidente Donald Trump, que anunciou a atribuição a título póstumo a Kirk da Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta condecoração civil do país.
O alegado assassino -- um jovem branco de 22 anos -- enfrenta sete acusações, entre as quais a de homicídio qualificado, um crime passível de pena de morte.