Parlamento turco aprova envio de tropas para a Líbia

por RTP
Em dezembro, a Líbia já tinha solicitado o apoio da Turquia Denis Balibouse - Reuters

Esta quinta-feira, o parlamento da Turquia aprovou, com larga maioria, um projeto de lei que permite o envio de tropas para a Líbia em apoio ao Governo de Acordo Nacional (GAN). A aprovação da moção levanta receios de que uma interferência de Ancara possa alimentar o conflito líbio.

De acordo com o porta-voz do parlamento da Turquia, Mustafa Sentop, a moção foi aprovada com 325 votos a favor e 184 contra. O projeto de lei contou com a aprovação do partido islâmico do presidente Tayyip Erdogan, o "Justiça e Desenvolvimento", e do seu parceiro de coligação Movimento Nacionalista (MHP). A oposição social-democrata, esquerdista e centrista votou contra.

O projeto de lei dá ao exército turco um mandato para intervir na Líbia, válido durante um ano, demonstrando o apoio ao Governo de Acordo Nacional (GAN), liderado por Fayez al-Sarraj e sediado na capital Trípoli.


Em dezembro, a Líbia já tinha solicitado o apoio da Turquia, no âmbito de uma “perigosa escalada” do conflito.

“Enquanto único governo legítimo e soberano da Líbia, o GNA é a entidade singular com o direito de formalizar alianças militares necessárias para proteger a nossa nação”, disse o ministro do Interior do GNA, Fathi Bashagha, em comunicado à Reuters.

O governo de Sarraj - reconhecido pelas Nações Unidas – enfrenta, desde abril, uma ofensiva por parte das forças de Khalifa Haftar, conhecido como um “homem forte” no leste do país, líder das tropas do Exército Nacional Líbio (LNA).

Haftar conta com o apoio de países como a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Egito, três rivais regionais de Ancara.
Egito condena e Trump alerta Erdogan
Quase imediatamente após a votação da moção, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Egito – que apoia Haftar – condenou veementemente a decisão de Ancara e apelou à comunidade internacional para responder urgentemente à medida.

A aprovação da moção levanta receios de que uma interferência de Ancara possa alimentar a violência que assola o país. Depois da votação, um deputado russo, Dmitry Novikov, considerou que a presença militar turca na Líbia “apenas arruinaria a situação”.

Durante um telefone com Erdogan, Donald Trump também alertou o presidente turco para a “interferência estrangeira” na Líbia, considerando que apenas agrava o conflito. O presidente turco deverá discutir o conflito líbio com o presidente russo, Vladimir Putin, ainda este mês.

A Turquia, por sua vez, defende que o destacamento pode ser necessário para salvaguardar os interesses turcos na Líbia e no Mediterrâneo oriental, bem como para alcançar a paz e a estabilidade no país.

A luz verde concedida ao projeto de lei segue-se à aprovação, em 21 de dezembro, de um acordo de cooperação militar e de segurança assinado entre a Turquia e o GAN. 

Suspeita-se que Erdogan tenha sido encorajado a reforçar a sua intervenção no conflito Líbio depois de surgirem rumores de envolvimento russo.

No início de dezembro, o governo líbio acusou a Rússia de enviar tropas em apoio a Khalifa Haftar, aumentando o poder do LNA que assumiu o controlo das principais cidades a sul de Trípoli.

“Não seria correto permanecermos em silêncio perante tudo isto”, disse o presidente turco em dezembro.

c/ agências
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