Partido Comunista americano cede o seu arquivo à Universidade Nova Iorque

O Partido Comunista dos Estados Unidos cedeu o seu até agora inédito arquivo à Universidade de Nova Iorque, onde pela primeira vez se terá acesso á história de um movimento político considerado "diabólico" no seu país.

Agência LUSA /

Documentos, fotografias, livros, artigos, panfletos e cartas, além de outras jóias históricas, constituem o arquivo do que foi o partido mais perseguido nos Estados Unidos e que, para surpresa de muitos, continua activo desde a sua fundação em 1919.

A Biblioteca Tamiment da Universidade de Nova Iorque, dedicada à investigação académica sobre os sindicatos e a esquerda norte-americana, acolhe o arquivo mais importante sobre a história da esquerda norte-americana", assegurou à Agência EFE o director daquela, Michael Nash.

"Trata-se de uma colecção única nos Estados Unidos. O Partido Comunista foi a organização que mais impacto teve na transformação das relações sociais nos Estados Unidos no século XX", explicou Nash.

Para o director da biblioteca universitária, "os documentos ajudarão a ver a influência que o Partido Comunista teve em todos os movimentos sociais do país, desde o seu apoio à causa afro-americana ou o seu apoio á luta dos operários, até à sua luta pelo pacifismo durante a primeira guerra do Iraque.

"Um dos documentos mais importantes são as actas fundacionais do partido em 1919, além de todos os textos que mostram o trabalho do partido para impulsionar a igualdade de direitos nos anos trinta e quarenta, e, claro está, tudo o que esteve relacionado com a perseguição iniciada prelo senador McCarthy", assegurou.

Um dos aspectos mais controversos da história do Partido Comunista nos Estados Unidos é precisamente a perseguição que sofreu a organização nos anos 40 e 50, que se denominou "caça às bruxas" e envolveu o senador McCarthy.

Nash relatou que nos arquivos se podem encontrar "relatos de pessoas que perderam os seus postos de trabalho por serem consideradas comunistas, além de documentos que mostram as campanhas públicas contra o partido.

Existem textos que mostram os diferentes códigos secretos com que se conhecia a organização em diferentes lugares do país, e outros que resultam de cópias de cartas repletas de indicações provenientes da União Soviética.

Uma destas missivas leva a assinatura dos russos Nikolai Bukarin e Ian Berzin e indica ao partido norte-americano como operar "armando os trabalhadores" e "formando organizações combatentes que se apoderem do Estado e instaurem a ditadura dos trabalhadores".

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