Partidos pendem responsabilização de eleitos que incentivaram violência em Brasília

As bancadas parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) pediram ao Supremo Tribunal Federal (STF) que investigue os eleitos envolvidos na invasão violenta de edifícios públicos no domingo em Brasília.

Lusa /

O PT na Câmara dos Deputados pediu ao juiz do STF Alexandre de Moraes, também presidente do Tribunal Superior Eleitoral, que se encarregue dessas investigações, que envolveriam os deputados `bolsonaristas` eleitos Clarissa Tércio, Silvia Waiãpi, André Fernandes e a suplente Pâmela Bório, pedindo que as três primeiras não possam tomar posse.

Ao mesmo tempo, o partido do Presidente Lula da Silva pede que os quatro sejam incluídos nas investigações lideradas por Moraes sobre os casos de notícias falsas durante a campanha eleitoral, das milícias digitais e o que envolve diretamente a Bolsonaro por vincular as vacinas contra o coronavírus SARS-CoV-2 com a sida.

Por sua vez, o PSOL pediu que o senador eleito Magno Malta e os deputados Ricardo Barros, Márcio `Coronel` Tadeu, José Mederios e Carlos Jordy, a maioria do Partido Liberal (PL) do ex-presidente Jair Bolsonaro, sejam incluídos na investigação, e que lhes sejam retirados os passaportes e imposta a proibição de usar as redes sociais.

Juntamente com essas denúncias ao STF, outras também serão apresentadas nos tribunais regionais eleitorais e nos conselhos de ética do Congresso, informa o jornal Folha de S.Paulo.

Antes de ambos os partidos oficializarem as suas intenções, o líder do Governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues, anunciou que todos os parlamentares que participaram na violência serão investigados, citando, sem nomear diretamente, a militante indígena `bolsonarista` Silvia Waiãpi.

Rodrigues é um dos principais promotores de uma comissão parlamentar especial para investigar os acontecimentos de domingo e elucidar o papel do envolvimento de Bolsonaro, que está nos Estados Unidos desde 30 de dezembro.

"Não vai ter tolerância com o terrorismo nas ruas, não vai ter tolerância com o terrorismo aqui no Congresso. Quem não condenou os atos ocorridos é aliado do fascismo", concluiu Rodrigues, acusando Bolsonaro de estar por detrás da invasão e vandalização de edifícios públicos.

Milhares de seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram a sede dos três poderes em Brasília no domingo, depois de dois meses acampados em frente à sede do Exército exigindo um golpe.

Na sequência dos atos, definidos pelas autoridades golpistas e terroristas, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, exonerou o governador de Brasília, Ibaneis Rocha, e o secretário de Segurança, Anderson Torres, por "omissão" de funções e "conluio" com a máfia.

Apoiantes do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro invadiram e vandalizaram no domingo as sedes do Supremo Tribunal Federal, do Congresso e do Palácio do Planalto, em Brasília, obrigando à intervenção policial para repor a ordem e suscitando a condenação da comunidade internacional.

A Polícia Militar conseguiu recuperar o controlo das sedes dos três poderes, numa operação de que resultaram pelo menos 1.500 detidos.

A invasão começou depois de militantes da extrema-direita brasileira apoiantes do anterior presidente, derrotado por Lula da Silva nas eleições de outubro passado, terem convocado um protesto para a Esplanada dos Ministérios.

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