Paul Rusesabagina, antigo dono de hotel que salvou várias pessoas em 1994 durante o genocídio ocorrido no Ruanda (e que deu origem ao filme Hotel Ruanda), e membro da oposição no país viu a sua pena de prisão de 25 anos ser comutada. Rusesabagina vai sair da prisão no próximo sábado.
Rusesabagina foi condenado em 2021 por ter, alegadamente, ligações a uma organização que se opõe ao presidente do Ruanda. O empresário negou na altura todas as acusações e não quis ir a julgamento que muitos dos apoiantes apelidaram de “farsa”. Washington afirmou que Rusesabagina foi preso de forma incorreta, especialmente pelas poucas garantias dadas pelo sistema judicial do Ruanda.
A libertação de Rusesabagina pode ajudar ao amenizar das tensões entre Estados Unidos e Ruanda. Os norte-americanos pediram aos ruandeses que retirem as suas forças militares da República Democrática do Congo, apesar de o Ruanda negar ter algum envolvimento no país vizinho.
De acordo com o Guardian, Rusesabagina deverá sair este sábado, juntamente com outras 19 pessoas, que também viram as suas condenações a serem comutadas.
“Sob a lei ruandesa, a comutação da condenação não garante nem extingue a sentença”; explicou Yolande Makolo, porta-voz do governo do Ruanda. “O país reconhece o papel dos Estados Unidos em criar condições para o diálogo assim como o trabalho do Qatar neste assunto”.
Rusesabagina é considerado um herói no Ruanda, tendo a sua história dado origem ao filme “Hotel Ruanda, quando, em 1994, salvou várias pessoas no seu hotel durante o genocídio que teve lugar naquele país.
O empresário vai viajar para o Qatar para se juntar à sua família, voando depois para os Estados Unidos. “Se qualquer cidadão com condenações anteriores voltar a prevaricar, poderá ver a comutação da pena revogada e o resto da pena de prisão terá de ser cumprida”, explicou o ministro da Justiça do Ruanda.
Paul Rusesabagina tem sido um crítico do presidente Kagame e revelou ter um lugar de destaque num grupo da oposição, o Movimento para a Mudança Democrática do Ruanda. No entanto, o empresário negou responsabilidade nos ataques levados a cabo pela fação armada do movimento.
O tribunal que liderou o julgamento disse que as duas fações do movimento não podiam ser distinguidas e acabou por condenar Rusesabagina.
Numa carta enviada ao presidente Paul Kagame, Rusesabagina disse arrepender-se de não ter conseguido preocupar-se mais com os princípios de não-violência do movimento e que se lhe fosse garantido perdão, iria para os Estados Unidos viver o que resta da sua vida.