Paul Rusesabagina, herói do filme Hotel Ruanda, vai ser libertado da prisão

por RTP
Herói de "Hotel Ruanda" vai sair da prisão Reuters

Paul Rusesabagina, antigo dono de hotel que salvou várias pessoas em 1994 durante o genocídio ocorrido no Ruanda (e que deu origem ao filme Hotel Ruanda), e membro da oposição no país viu a sua pena de prisão de 25 anos ser comutada. Rusesabagina vai sair da prisão no próximo sábado.

O anúncio foi feito esta sexta-feira pelo governo ruandês depois de várias sessões diplomáticas com os Estados Unidos, onde Rusesabagina também tem residência. “Este é o resultado de um desejo partilhado para recomeçar as relações entre Estados Unidos e Ruanda”, explicou Stephanie Nyombayire, porta-voz do presidente do Ruanda, Paul Kagame.

Rusesabagina foi condenado em 2021 por ter, alegadamente, ligações a uma organização que se opõe ao presidente do Ruanda. O empresário negou na altura todas as acusações e não quis ir a julgamento que muitos dos apoiantes apelidaram de “farsa”. Washington afirmou que Rusesabagina foi preso de forma incorreta, especialmente pelas poucas garantias dadas pelo sistema judicial do Ruanda.

A libertação de Rusesabagina pode ajudar ao amenizar das tensões entre Estados Unidos e Ruanda. Os norte-americanos pediram aos ruandeses que retirem as suas forças militares da República Democrática do Congo, apesar de o Ruanda negar ter algum envolvimento no país vizinho.

De acordo com o Guardian, Rusesabagina deverá sair este sábado, juntamente com outras 19 pessoas, que também viram as suas condenações a serem comutadas.

“Sob a lei ruandesa, a comutação da condenação não garante nem extingue a sentença”; explicou Yolande Makolo, porta-voz do governo do Ruanda. “O país reconhece o papel dos Estados Unidos em criar condições para o diálogo assim como o trabalho do Qatar neste assunto”.

Rusesabagina é considerado um herói no Ruanda, tendo a sua história dado origem ao filme “Hotel Ruanda, quando, em 1994, salvou várias pessoas no seu hotel durante o genocídio que teve lugar naquele país.

O empresário vai viajar para o Qatar para se juntar à sua família, voando depois para os Estados Unidos. “Se qualquer cidadão com condenações anteriores voltar a prevaricar, poderá ver a comutação da pena revogada e o resto da pena de prisão terá de ser cumprida”, explicou o ministro da Justiça do Ruanda.

Paul Rusesabagina tem sido um crítico do presidente Kagame e revelou ter um lugar de destaque num grupo da oposição, o Movimento para a Mudança Democrática do Ruanda. No entanto, o empresário negou responsabilidade nos ataques levados a cabo pela fação armada do movimento.

O tribunal que liderou o julgamento disse que as duas fações do movimento não podiam ser distinguidas e acabou por condenar Rusesabagina.

Numa carta enviada ao presidente Paul Kagame, Rusesabagina disse arrepender-se de não ter conseguido preocupar-se mais com os princípios de não-violência do movimento e que se lhe fosse garantido perdão, iria para os Estados Unidos viver o que resta da sua vida.
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