Penso pode melhorar qualidade de vida dos doentes com Alzheimer
Os pacientes com Alzheimer poderão em breve usar um penso que contém um medicamento, de administração oral já existente, com a vantagem de o tornar mais fácil de tomar e ter até melhores resultados.
O penso, que infunde rivastigmina (Exelon, da Novartis) através da pele do paciente, foi hoje apresentado em Washington numa reunião internacional dedicada a esta doença degenerativa do cérebro.
"Seria bom ter alternativas à administração oral", afirmou Bengt Winblad, do Instituto Karolinska de Estocolmo, que liderou a investigação sobre o penso. Trata-se, na sua óptica, de "uma estratégia de tratamento que seria muito apreciada tanto pelos pacientes como por quem trata deles".
Só nos Estados Unidos há 4,5 milhões de pessoas com Alzheimer, um número que deverá crescer para 14 milhões em 2050.
Não há cura para a doença, que apaga a memória dos pacientes e lhes retira a capacidade de cuidarem de si próprios, causando-lhes eventualmente a morte, e os medicamentos actuais tratam apenas os sintomas.
Aplicado uma vez por dia, o novo penso faz chegar directamente ao sangue a rivastigmina, evitando o sistema gastrointestinal, na esperança de causar assim menos efeitos secundários, e mantendo uma dose diária consistente, disse o investigador sueco. Em comprimidos, que os pacientes poderão ter dificuldade em engolir, pode causar fortes náuseas e vómitos.
Um estudo de quase 1.200 pacientes financiado pela Novartis comparou a administração oral de 12 miligramas de rivastigmina por dia com a aplicação de um penso de dose fraca, equivalente a 9,5 miligramas diários, ou um de dose alta, equivalente a 17,4 miligramas.
O penso de dose baixa revelou-se tão eficaz como os comprimidos de dose alta, mas estes provocaram três vezes mais náuseas e vómitos do que aquele. Os pacientes com pensos de dose alta tiveram resultados ligeiramente melhores em testes cognitivos do que os que tomaram comprimidos, e efeitos secundários semelhantes.
Para Sam Gandy, director do Instituto Farber para as Neurociências da Universidade Thomas Jefferson de Filadélfia e porta- voz da Associação de Alzheimer, o penso "melhora claramente a qualidade de vida dos pacientes".