A China censurou um vídeo promocional alegadamente lançado pela Leica, empresa alemã de produção de câmaras fotográficas, no qual surge uma referência ao massacre de 1989 na Praça de Tiananmen, em Pequim. A Leica já se distanciou da produção do vídeo, cujo objetivo é prestar homenagem aos fotógrafos que se colocam em risco para que o mundo possa ver a realidade através das suas lentes.
O fio narrativo do vídeo é a história de um fotógrafo que tenta capturar imagens do Massacre da Praça da Paz Celestial, conhecida como Praça de Tiananmen, e que é impedido de sair do seu hotel por militares chineses.
Por fim, o fotógrafo consegue, a partir de uma varanda, fazer a fotografia mundialmente conhecida de um homem que faz frente a quatro tanques de guerra chineses, impedindo-os de avançar.
Esse homem, cuja identidade está ainda por revelar, foi apelidado de “rebelde desconhecido” e tornou-se o símbolo de um protesto pacífico contra as autoridades chinesas que, na altura, recorreram à força para anular os manifestantes.
“Este filme é dedicado àqueles que nos emprestam os seus olhos para que possamos ver”, lê-se no final do vídeo.
As referências ao episódio de 4 de junho de 1989 são fortemente censuradas nos meios de comunicação chineses e nas redes sociais do país.
Leica distancia-se
A China é atualmente o país com o mercado mais significativo para a Leica e a marca possui uma parceria com Huawei, fornecendo lentes para os telemóveis produzidos pela empresa chinesa de telecomunicações.Depois de o vídeo promocional ter começado a ser censurado no país asiático, a Leica distanciou-se do mesmo e declarou não ter recebido qualquer sanção.“Nós caçamos, nós perseguimos, nós lutamos, nós arriscamos tudo”, ouve-se durante o vídeo, intitulado “Leica – The Hunt” (“A Caça”).
No entanto, a agência publicitária que produziu este curto filme, a F/Nazca Saatchi & Saatchi, possui uma relação duradoura com a Leica e um dos seus diretores afirmou que o vídeo já andava a ser preparado há mais de um ano.
Um comunicado da agência refere ainda que esta "nunca colocaria em risco a própria reputação ao criar, produzir e divulgar um trabalho que não tivesse recebido a aprovação do cliente".