Pequim prepara desfile militar. O "baile de máscaras" para Ocidente ver

Muitos analistas resumem o que se está a passar em Pequim, por estes dias, com a expressão "o eixo da revolta". Isto porque, os líderes de países que se opõem ao Ocidente estão na capital chinesa onde se assinala os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.

Cristina Santos - RTP /
Maxim Shemetov - Reuters

Está, por isso, prometida uma demonstração exuberante (à semelhança de um baile de máscaras) da força chinesa, à medida que a segunda maior economia do mundo se apresenta como uma alternativa à ordem global liderada pelo Ocidente.
Foto: estátua erguida para marcar o fim da Segunda Guerra Mundial - Tingshu Wang - Reuters

As guerras na Ucrânia e de Israel em Gaza também têm aproximado ainda mais a colaboração militar, económica e política entre a Rússia, a China, o Irão e a Coreia do Norte

Esta terça-feira, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, já cruzou a fronteira com a China a bordo do comboio blindado, rumo a Pequim. 

Foto: Nakamura Go - Reuters

Um conselheiro da presidência russa afirmou recentemente que, durante o desfile de quarta-feira, Kim e Putin vão estar posicionados ao lado do Presidente chinês. É impossível não perceber o simbolismo por trás desta imagem de alinhamento entre os três países face aos Estados Unidos e aliados.

Quem já está na China é Vladimir Putin que participou na cimeira da Organização de Cooperação de Xangai em Tianjin no fim de semana.

O presidente russo, esta terça-feira, apelidou Xi Jinping de “querido amigo”, após uma reunião entre ambos. 
Foto: via Reuters

Os dois fizeram questão de destacar a relação bilateral como um modelo exemplar de laços entre duas grandes potências.

De acordo com um vídeo de Putin publicado na rede social Telegram no canal do Kremlin, o presidente russo sublinha que “a nossa estreita comunicação reflete a natureza estratégica das relações entre a Rússia e a China, que estão num nível sem precedentes”.

Xi Jinping afirmou a Putin que está disposto a "reforçar os intercâmbios" e a melhorar a coordenação com Moscovo em áreas de interesse estratégico para ambos os países. 

"As relações entre a China e a Rússia resistiram a um ambiente internacional em mudança e constituem um exemplo de como devem ser as relações entre grandes potências: caracterizam-se por boa vizinhança duradoura, coordenação estratégica abrangente e cooperação mutuamente benéfica", disse Xi, citado pela televisão estatal CCTV.

Foto: Reuters

Neste encontro em Pequim, o presidente chinês expressou o desejo de "promover um desenvolvimento ainda mais profundo das relações" bilaterais.

Xi Jinping assegurou que tanto Pequim como Moscovo valorizam a "igualdade soberana", o "Estado de Direito Internacional" e o "multilateralismo", e apelou ao reforço da cooperação em plataformas como as Nações Unidas, a Organização de Cooperação de Xangai (SCO), os BRICS e o G20. 

O líder chinês apelou ainda à "defesa firme dos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas" e à construção de "um sistema de governação global mais justo e equitativo".
O líder russo acrescentou que pretende "manter a coordenação estratégica com a China, reforçar os contactos ao mais alto nível e aprofundar a cooperação prática em diversas áreas".

Xi Jinping, Putin e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, estiveram juntos na segunda-feira. 

Os três não esconderam a proximidade política durante a 25.ª cimeira da SCO, em Tianjin, nordeste da China, onde Putin agradeceu os "esforços" da China, da Índia e de outros parceiros para tentar pôr fim à guerra na Ucrânia.
Foto: Tingshu Wang - Reuters

Na quarta-feira, na Praça Tiananmen vão estar 26 chefes de Estado. Além da Rússia, Coreia do Norte e Irão, os líderes de Mianmar, Mongólia, Indonésia, Zimbábue e países da Ásia Central vão testemunhar a apresentação do arsenal militar chinês.

Os únicos líderes europeus na lista de convidados publicada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da China são da Sérvia e da Eslováquia.

A parada militar assinala os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, e vai ter como ponto alto a apresentação armamento.
Foto: Tingshu Wang - Reuters

Mísseis, caças, armas estratégicas terrestres, marítimas e aéreas, equipamento de guerra de precisão avançado e drones. 

O desfile começa às 9h00 locais (2h00 em Lisboa) de quarta-feira e deverá durar cerca de uma hora e dez minutos, com a participação de 45 formações militares e um sobrevoo de aeronaves. 
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