Pequim reafirma ameaça de força sobre Taiwan e Taipé apela à resistência

A China reiterou hoje que "nunca" renunciará ao uso da força para alcançar a "reunificação" com Taiwan, cuja liderança prometeu resistir com "maior firmeza" à "anexação" chinesa.

Lusa /
Ann Wang - Reuters

"Estamos dispostos a criar um amplo espaço para a reunificação pacífica (...), mas nunca nos comprometeremos a renunciar ao uso da força e reservamo-nos o direito de adotar todas as medidas necessárias", declarou Peng Qing`en, porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado da China.

Peng respondia à ausência da expressão "reunificação pacífica" no comunicado final do IV Plenário do XX Comité Central do Partido Comunista Chinês, encerrado na semana passada.

Em conferência de imprensa, o porta-voz reiterou que a política de Pequim em relação à ilha "sempre foi clara e coerente", e defendeu que o modelo "um país, dois sistemas", atualmente aplicado em Hong Kong e Macau, "continua a ser a melhor via para resolver a questão de Taiwan".

As declarações surgem num momento de intensificação das atividades militares chinesas nas imediações da ilha, com manobras aéreas publicitadas pela televisão estatal, envolvendo caças e bombardeiros, que Taipé considerou como atos de "coerção".

O Presidente taiwanês, William Lai, acusou hoje a China de continuar a "assediar" a ilha e apelou a uma oposição mais firme ao que chamou de tentativa de "anexação".

"Além de mostrar determinação para proteger o seu lar, Taiwan deve, com maior firmeza, opor-se à anexação, agressão e promoção da reunificação", afirmou Lai, durante uma cerimónia de promoção de generais.

Lai sublinhou que o reforço da Defesa não visa provocar a China, mas "manter o status quo e proteger a democracia e o modo de vida de Taiwan".

O chefe de Estado, que é rotulado por Pequim como "separatista" e "provocador", reafirmou a meta de aumentar o orçamento da Defesa até 5% do PIB em 2030 e apelou à construção de umas forças armadas "mais modernas e flexíveis".

O futuro de Taiwan poderá estar em destaque na reunião entre o Presidente da China e dos Estados Unidos, Xi Jinping e Donald Trump, respetivamente, agendada para quinta-feira, na Coreia do Sul, à margem da cimeira do Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC).

Contudo, o Presidente norte-americano insinuou que o tema poderá não ser discutido.

"Não sei se falaremos sobre Taiwan. Talvez ele me pergunte, mas não há muito a dizer. Taiwan é Taiwan", afirmou Trump a bordo do Air Force One, a caminho da Coreia do Sul.

Pequim considera Taiwan uma "província rebelde" e parte inalienável do território chinês, enquanto a ilha, autogovernada desde 1949, defende que apenas os seus 23 milhões de habitantes podem decidir o seu futuro político.

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