PKK reivindica atentado na capital da Turquia

por RTP
O PKK reivindicou o atentado que abalou a zona dos edifícios governamentais em Ancara, capital da Turquia Cagla Gurdogan - Reuters

O grupo separatista curdo PKK, ou Partido dos Trabalhadores do Curdistão, reivindicou o ataque deste domingo na capital da Turquia, Ancara, junto a edifícios governamentais.

A reivindicação foi anunciada por um sítio de notícias na internet próximo do grupo curdo, o ANF News, segundo o qual o ataque foi realizado por um grupo denominado "Batalhão dos Imortais", anunciando ainda a morte dos dois bombistas e ferimentos em dois agentes de segurança turcos.

O ministro do Interior da Turquia o revelou por seu lado que um dos dois "terroristas" responsáveis pelo ataque foi detido e que o outro terá perecido na explosão. Dois polícias ficaram feridos.

A reabertura do Parlamento estava prevista para este domingo, depois das férias de verão.

"Dois terroristas apareceram a bordo de um veículo militar ligeiro por volta das 9h30 (menos duas em Lisboa) em frente ao portão de entrada da Direção-Geral de Segurança do nosso Ministério do Interior e realizaram um ataque à bomba", indicou o ministério.

Segundo a imprensa turca, também foram ouvidas trocas de tiros no bairro do Parlamento, zona que abriga muitos ministérios.

Vários veículos policiais e ambulâncias foram posicionados na área.
Luta pela identidade curda
O PKK é uma organização política com um braço armado de guerrilha, de inspiração nacionalista e marxista-leninista, com origem na luta curda do início dos anos 70 do século XX. Surgiu formalmente em novembro de 1978, liderado por Abdullah Öcalan.

A organização foi formada para lutar pela independência do Curdistão, uma área territorial dividida entre a Turquia, a Síria, o Irão e o Iraque.

A luta curda pela independência, ou pelo menos autonomia, dos diversos estados que partilham o Curdistão dura contudo há mais de 100 anos, estando longe de se reduzir a um único movimento.

A ação do grupo não foi por isso aceite por todos dentro da comunidade curda, onde diversos líderes acusaram o PKK de explorar os mais pobres e de colaborar com Ancara na opresssão das tribos curdas.

Turquia, Estados Unidos e a União Europeia integram o PKK na lista de organizações terroristas. Ancara procura também evitar que as comunidades curdas de outros países adquiram direitos que não está disposta a conceder às populações que administra.

Nos anos mais recentes o foco do PKK, que chegou a operar em todo o Curdistão mas agora se refugia nas zonas montanhosas do sudeste da Turquia e norte do Iraque, mudou para a exigência de autonomia e a defesa das identidade e culturas curdas.

Nos anos 80 e 90 do século passado Ancara proibiu a utilização da língua, do folclore, dos trajes e até dos apelidos curdos em todo o seu território, lançando na prisão muitos ativistas ou simples artistas que usavam o curdo para se expressarem. Dezenas de milhares de pessoas foram desalojadas e deslocadas devido à destruição das suas aldeias. 

Atualmente o uso na Turquia da palavra 'Curdistão', escrita ou falada, pode levar à prisão. 
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