O Presidente brasileiro deu luz verde ao Ministério da Defesa para celebrar da forma que entender os 55 anos do golpe militar que derrubou o presidente João Goulart para inaugurar uma ditadura que atravessou três décadas (1964-1985). Sem previsão de qualquer evento no Palácio do Planalto, o porta-voz da Presidência confirmou a ordem e lembrou que Bolsonaro não considera o derrube de 1964 como um golpe.
O porta-voz da Presidência adiantou que as festividades serão “aquilo que os comandantes acharem, dentro das suas respectivas guarnições e dentro do contexto, que devam ser feitas”.
De acordo com o jornal brasileiro Estadão, generais na reserva pedem discrição nas eventuais comemorações, face à tensão política em que o país vive desde a eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência.
Tratando-se do executivo que mais militares integra em cargos ministeriais desde 1985, a comemoração dos dias de ditadura acaba por ser um facto natural na agenda de Bolsonaro e do programa de festas das Forças Armadas.
O tema das comemorações poderá voltar a avivar o debate político relativamente às ideias de extrema-direita de Bolsonaro. É ainda hoje, trinta anos depois do fim da ditadura militar, um tema fraturante na sociedade brasileira. Recentemente, um tribunal de São Paulo desobrigou a família do coronel Brilhante Ustra de pagar a indemnização devida à família de um jornalista torturado e morto sob as ordens daquele militar, chefe do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) entre 1970 e 1974. Luiz Eduardo Merlino era jornalista e tinha 22 anos quando, em 1971, foi torturado durante 24 horas e atirado para a solitária, onde três dias depois morreu de gangrena provocada pelos ferimentos da tortura.
O porta-voz do Presidente explicou entretanto que Jair Bolsonaro “não considera 31 de março de 1964 um golpe militar, quando sociedade civil e militares [se uniram para] recuperar e recolocar o nosso País no rumo. Salvo melhor juízo, se isso não tivesse ocorrido, hoje nós estaríamos tendo algum tipo de governo aqui que não seria bom para ninguém”.