PM cabo-verdiano diz estar por provar limitação à liberdade de imprensa
O primeiro-ministro cabo-verdiano disse, na quinta-feira, estar por provar que o processo disciplinar que culminou com a suspensão da diretora da Televisão de Cabo Verde (TCV) tenha tido como motivação limitar-lhe a liberdade.
"A liberdade de imprensa é um valor absoluto que deve ser protegido. Mas também devemos ter o devido cuidado para saber se a motivação do processo disciplinar se trata de cercear a liberdade de alguém", referiu Ulisses Correia e Silva, ao ser questionado pelos jornalistas, na cidade da Praia.
Segundo o líder do Governo, "além de tudo o que é politiquice, que às vezes se alimenta destas questões, eu gostaria de ser mais pragmático em verificar, na prática, se se confirma, com dados objetivos e talvez com entidades externas (...) que a motivação do processo é cercear a liberdade de jornalistas".
"Essa parte, para mim, é que falta ser provada", e, se o for, "outras intervenções poderão ser feitas", disse.
O primeiro-ministro referiu ainda que, do que conhece, "trata-se de matéria laboral. Não estamos a falar de uma jornalista" no exercício dessas funções, mas de matéria entre uma administração e uma diretora.
Ulisses Correia e Silva comentou o caso, horas depois de o Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, se manifestar "chocado" com a suspensão da diretora da TCV, Bernardina Ferreira, e defender respeito pela liberdade de imprensa.
A diretora classificou o processo de que foi alvo como uma forma de retaliação por se queixar de interferências na grelha de conteúdos da televisão pública.
Num dos casos, a Autoridade Reguladora da Comunicação Social (ARC) do arquipélago aplicou uma multa à administração, de valor equivalente a cerca de 3.000 euros, por "ingerência na grelha de conteúdos da TCV, ao condicionar a deslocação" de uma equipa para a realização do programa "Show da Manhã" fora do estúdio.
Por seu lado, a administração da RTC afirmou que o processo disciplinar "não tem nenhuma relação com o trabalho jornalístico, nem com a liberdade editorial", tratando-se de "questões internas de gestão".