PM do Sudão pede à ONU que forças rebeldes sejam classificadas como terroristas

O primeiro-ministro do Sudão, Kamil Idris, instou a comunidade internacional a classificar as Forças de Apoio Rápido (RSF) como uma organização terrorista e a interromper o fluxo de mercenários estrangeiros que combatem no país.

Lusa /

A guerra civil no Sudão eclodiu em abril de 2023 devido a fortes divergências quanto ao processo de integração das Forças Revolucionárias nas Forças Armadas, situação que inviabilizou a transição que se seguiu ao derrube do regime de Omar Hassan al-Bashir, em 2019.

O conflito no Sudão, marcado pela intervenção de vários países em apoio das partes em confronto, provocou uma das maiores crises humanitárias do mundo, com milhões de deslocados e refugiados.

Na quinta-feira, no discurso perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, Kamil Idris afirmou que os paramilitares integram "um projeto" que pretende saquear as riquezas do país e alterar a demografia da população sudanesa.

"Nos últimos três anos, o povo do Sudão tem sido sujeito a perigos e ameaças em consequência dos crimes levados à cabo pela milícia rebelde RSF", declarou.

Na mesma declaração, o primeiro-ministro denunciou "assassínios sistemáticos, torturas, pilhagens, violações, humilhações e a destruição brutal de todos os elementos básicos da vida" praticados pelos paramilitares.

No passado mês de agosto, o Governo de Cartum afirmou ter "provas" do envolvimento de mercenários da Colômbia e de "alguns países vizinhos, patrocinados e financiados" pelas autoridades dos Emirados Árabes Unidos.

Neste sentido, o primeiro-ministro reiterou o apelo para que seja interrompido o envio de armamento para as forças que combatem o Governo. 

"Mantém-se o silêncio internacional relativamente aos crimes da milícia terrorista rebelde (...) que constituem crimes e violações", acusou.

Em concreto, o primeiro-ministro referiu-se ao cerco da cidade de Al-Fashir, capital da região de Darfur do Norte, bem como aos bombardeamentos de campos de deslocados internos, ataques a locais de culto e a instituições de ensino. 

O primeiro-ministro do Sudão disse ainda que as forças rebeldes saquearam mercados e propriedades públicas e privadas e destruíram centros de saúde em todo o país.

Por outro lado, reafirmou o "compromisso" com o plano apresentado às Nações Unidas, que inclui um cessar-fogo, sublinhando que garantir a integridade territorial do Sudão é fundamental para o sucesso do processo de transição civil. 

Entre 01 de janeiro e 30 de junho, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos documentou a morte de pelo menos 3.384 civis, principalmente no Darfur, e Cartum.

 

 

 

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