PM irlandês desmente que Adams e McGuinness pertençam ao IRA

O primeiro-ministro irlandês, Bertie Ahern, desmentiu hoje que o presidente do Sinn Fein, Gerry Adams, e o seu "número dois", Martin McGuinness, pertençam ao Conselho Armado do Exército Republicano Irlandês (IRA), o órgão máximo de decisão daquele movimento armado.

Agência LUSA /

Ahern refutou, assim, declarações feitas pelo seu ministro da Justiça, Michael McDowell, numa entrevista a um órgão de comunicação social irlandês, segundo as quais Adams e McGuinness, dirigentes do Sinn Fein, considerado o "braço político" do IRA, seriam dois dos sete membros do Conselho Armado do movimento.

O titular da Justiça incluiu também nesse grupo Martin Ferris, deputado do Sinn Fein no Parlamento da República da Irlanda.

O chefe do executivo irlandês reconheceu hoje que McDowell tem acesso a informações secretas fornecidas pelas forças de segurança, mas precisou que não existem provas definitivas que confirmem as ligações dos dois dirigentes e do deputado do Sinn Fein ao órgão de decisão do IRA.

"Tenho a minha própria opinião sobre quem está no Conselho Armado do IRA, mas não sei quem são, não há provas", disse Ahern, acrescentando que continuará a "falar" com o Sinn Fein para tentar ultrapassar o impasse do processo de paz na Irlanda do Norte.

Por seu lado, Martin McGuinness negou hoje veementemente pertencer ao Conselho Armado do IRA que, para os republicanos, é o legítimo governante da ilha da Irlanda.

McGuinness, ex-comandante do IRA em Londonderry (noroeste da Irlanda do Norte), classificou as acusações do ministro da Justiça como "eleitoralistas" e declarou-se "contra toda a criminalidade", referindo-se à continuação das acções violentas do IRA, apesar da trégua que mantém desde 1997.

Ahern indicou hoje, todavia, que a confiança entre ambas as partes foi seriamente atingida pelo presumível envolvimento do partido republicano na complexa rede de branqueamento de dinheiro do IRA.

Na semana passada, a polícia irlandesa deteve sete pessoas, duas das quais ligadas ao Sinn Fein, em resultado de investigações sobre a lavagem de dinheiro procedente do assalto a um banco em Belfast.

A polícia recuperou quase quatro milhões e meio de euros em moeda britânica, mas não confirmou ainda se provêm do assalto perpetrado, aparentemente pelo IRA, ao Northern Bank de Belfast, no qual foi roubado um montante estimado em 38 milhões de euros.

A Comissão Internacional de Controlo (IMC), que supervisiona a trégua dos paramilitares norte-irlandeses, concluiu recentemente que o Sinn Fein aprovou o assalto, pelo que recomendou a imposição de sanções à formação política republicana.

A presumível relação entre o Sinn Fein, o IRA e o roubo acentuou a crise do processo de paz norte-irlandês, suspenso desde que o governo de Londres suspendeu, em 2002, a autonomia da Irlanda do Norte, devido a um suposto caso de espionagem do movimento armado nas instalações de Stormont, sede da Assembleia norte-irlandesa.

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