Polícia angolana detém estudantes e impede marcha pela educação

por Lusa

Dezenas de jovens foram hoje detidos pela polícia angolana, em Luanda, quando se preparavam para participar numa marcha pela educação convocada pelo Movimento de Estudantes Angolanos (MEA), que as autoridades impediram.

Antes do início da marcha, foram detidos 17 estudantes, incluindo dirigentes do MEA, segundo avançou à Lusa o presidente da organização, Francisco Teixeira.

Outros 20 foram detidos pelas 12 horas nas proximidades do Largo de São Paulo, local escolhido para o início do desfile e onde se concentraram esta manhã algumas dezenas de jovens exibindo cartazes com dizeres como "Não à corrupção" e "Reposição de carteiras nas escolas públicas", perante um vasto contingente policial.

A Polícia Nacional carregou e agrediu alguns estudantes e forçou os jovens a entrar nas carrinhas policiais, impedindo desta forma o protesto naquele local que foi rapidamente esvaziado.

Pelas 14:30, segundo um dirigente do MEA, Francisco Teixeira encontra-se em parte incerta, mas "num local seguro", e terão sido já detidos mais de uma centena de estudantes.

Em declarações à Lusa, Tavares Gabriel, responsável pela comunicação do MEA, lamentou que a marcha tenha sido "frustrada" pela polícia.

"Houve agressões, houve detenções por parte da polícia, só para ter noção já foram detidos uns 150 estudantes até ao momento", disse, adiantando que Francisco Teixeira está a ser procurado pela polícia.

Segundo Tavares Gabriel, o MEA informou o Governo Provincial de Luanda sobre a iniciativa a 14 de abril, cumprindo o disposto na lei quanto ao aviso prévio, pelo que não havia razões para o impedimento, justificado com uma outra marcha alusiva ao 23.° aniversário da conquista de paz em Angola, organizada pelo Conselho das Igrejas Cristãs em Angola (CICA).

"A polícia disse que a marcha não podia sair", afirmou o dirigente estudantil, salientando que os dois desfiles seriam realizados em locais diferentes pelo que "não chocavam".

Os estudantes tinham com objetivo protestar contra as carências nas escolas da capital angolana, nomeadamente falta de água nas escolas, a falta de saneamento básico, a falta de casas de banho, material didático e professores.

 

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