Polícia boliviana dispersa protesto indígena com recurso à força
Yucumo, Bolívia, 26 set (Lusa) -- A polícia da Bolívia dispersou, com recurso à força, cerca de mil indígenas da Amazónia, que realizam há um mês uma marcha de protesto, em Yucumo, no nordeste do país, tendo-se registado vários feridos, constatou a AFP no local.
A polícia, que interveio ao final da tarde de domingo, utilizou gás lacrimogéneo para dispersar os indígenas acampados perto de Yucumo, onde é iminente o conflito com contra-manifestantes, partidários do Governo, já que estes ergueram uma barreira na tentativa de bloquear a marcha.
As autoridades também agiram no sentido de levantar o bloqueio, a poucas centenas de metros dos manifestantes que, de acordo com as agências, sofreram ferimentos.
A AFP refere que indígenas, que sofreram ferimentos aparentemente superficiais no rosto, foram encaminhados pelas autoridades para um autocarro que os levaria a San Borja, a 55 quilómetros de distância do local.
Segundo a imprensa da Bolívia, diversos líderes dos manifestantes foram detidos durante a operação policial.
Os indígenas iniciaram a 15 de agosto, em Trinidad, no norte, uma marcha de 600 quilómetros até La Paz para protestar contra um projeto que prevê a construção de uma autoestrada -- cofinanciada e construída pelo Brasil -- que deverá atravessar o Parque Nacional Isiboro Secure, território ancestral no centro da Bolívia com cerca de 50 mil indígenas de três etnias.
No sábado, os indígenas completaram meio caminho do périplo ao chegar a Yumuco, após um dia de tensão em que forçaram um cordão policial utilizando como "escudo", o ministro dos Negócios Estrangeiros, David Choquehuanca, que afirmou ter sido forçado a percorrer cerca de oito quilómetros.
Na tentativa de neutralizar o frente a frente em Yumuco, o Presidente Evo Morales transmitiu, este domingo, um convite aos manifestantes, para que os seus representantes estivessem em La Paz à noite para uma reunião.
A principal central sindical da Bolívia, a COB, apelou esta sexta-feira uma greve geral para quarta-feira, em jeito de solidariedade com os indígenas.