A Polícia Metropolitana de Londres, conhecida por Met, é institucionalmente racista, misógina e homofóbica, falhando ainda em policiar-se internamente. A conclusão surge num relatório independente lançado esta terça-feira e veio aumentar a pressão para uma reforma policial em todo o Reino Unido. O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, já exigiu uma "mudança na cultura e na liderança" da instituição.
Polícia de Londres é racista, sexista e homofóbica, denuncia relatório
De acordo com os autores, a maior barreira para corrigir as falhas no Met é a cultura de defesa e negação desta força policial sobre a escala dos seus próprios problemas.
O documento de 360 páginas refere ainda que a Polícia Metropolitana de Londres precisa de uma liderança forte, de um serviço de proteção às mulheres e de uma nova estratégia para crianças, entre outras recomendações para uma reforma policial eficaz.O recente relatório chega mais de duas décadas depois de um inquérito, em 1999, sobre o assassinato do adolescente negro Stephen Lawrence, no qual foi identificado racismo institucional na Polícia Metropolitana de Londres.
A investigação à polícia londrina foi solicitada pela antiga chefe do Met, Cressida Dick, em 2021, depois de um dos polícias da instituição ter sido condenado a prisão perpétua pela violação e assassinato da jovem Sarah Everard.
"Este relatório é rigoroso, rígido e impiedoso. As suas descobertas são duras e, para muitos, serão difíceis de aceitar. Mas não deixa dúvidas sobre a dimensão do desafio que enfrentamos", escreveu Louise Casey, membro do Parlamento britânico que liderou a equipa de investigadores.
Para a responsável, as falhas graves existentes no Met exigem uma reforma “radical”.
Met está a despedir pessoas “todos os dias”
Mark Rowley, chefe da Met, lamentou esta terça-feira, em conferência de imprensa, que a polícia tenha dececionado os londrinos e deixado a sua própria instituição falhar. “Este relatório mostra vividamente isso e eu lamento profundamente", afirmou.
"[O documento] gera toda uma série de emoções: raiva, frustração, constrangimento... Mas, acima de tudo, gera determinação", declarou, acrescentando que o departamento de ética do Met foi reforçado e que, com a sua ajuda, há polícias a serem demitidos a um ritmo mais acelerado.
Ainda assim, Rowley esclareceu que há muito trabalho pela frente para que a confiança na polícia londrina seja restaurada.
"Não posso dizer que reduzi a zero o risco de haver maus polícias, mas todos os dias estamos a demitir pessoas e a progredir", avançou, depois de questionado sobre se ainda há polícias em serviço acusados de crimes como homicídio, violação e abuso doméstico.
Sunak quer mudança na liderança
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, já reagiu ao relatório, dizendo que a confiança na polícia foi prejudicada e que é necessária uma “mudança na cultura e na liderança” da mesma.
"O que precisamos de fazer agora é garantir que isto não se repete e que conseguimos reconquistar a confiança das pessoas. E sei que o chefe da polícia está empenhado em fazê-lo", declarou à BBC.
Quando questionado sobre se as suas filhas podem confiar na Met, o chefe do Governo britânico disse ser “evidente que precisamos que a resposta a essa questão seja afirmativa”, mas que “neste momento a confiança na polícia foi claramente prejudicada pelas coisas que descobrimos no último ano”.
Já o presidente da Câmara de Londres, Sadiq Khan, considerou “incrivelmente importante aproveitar esta oportunidade - um dos dias mais sombrios da história do Met - para garantir que ninguém está em negação” quanto às conclusões do relatório.
c/ agências
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