Polícia francesa encerra campo de imigrantes em Dunquerque

por RTP
Alguns imigrantes a dormir num ginásio em Grande-Synthe, no norte da França Reuters - Pascal Rossignol

A polícia francesa iniciou esta terça-feira uma operação para retirar cerca de mil imigrantes de um campo improvisado em Dunquerque, perto do Canal da Mancha, no norte de França. Um tribunal na cidade de Lille ordenou que o campo e o ginásio fossem fechados após várias denúncias de violência, lixo e presença de contrabandistas entre os imigrantes.

Um acampamento de imigrantes num ginásio em Grande-Synthe, perto da cidade portuária de Dunquerque, no norte da França, fioi evacuado por ordem judicial.

A polícia francesa retirou quase mil imigrantes do local depois de um tribunal em Lille decidir que estes representavam um risco à saúde e à segurança do país.

A operação começou na manhã desta terça-feira pouco depois das 08h00 locais (06h00 em Lisboa) com a intervenção da polícia de choque.

Ao chegarem ao local, as autoridades cercaram imediatamente o campo e fecharam todos os acessos para impedir que as pessoas fugissem. Quando estas se aperceberam, já era tarde demais.

Os mais jovens foram os primeiros a entrar nos autocarros com destino a várias partes da região. A polícia francesa ainda revistou grande parte dos homens e confiscou todas as máquinas de barbear e isqueiros antes de os obrigar a entrar nas viaturas.

O pavilhão desportivo em Grande-Synthe estava a servir de abrigo, desde dezembro do ano passado, a várias famílias que lutavam contra o frio.

Como o acampamento tinha crescido rapidamente nos últimos meses, muitas pessoas montaram tendas num campo adjacente assim que o ginásio ficou lotado.
Reuters - Pascal Rossignol

Em dezembro do ano passado, o ombudsman – espécie de provedor - de Direitos Humanos da França denunciou a "extrema pobreza" sofrida pelas pessoas abrigadas debaixo de pontes na área de Calais, também no norte da França.

Jacques Toubon acusou as autoridades de "tentarem tornar [os imigrantes] invisíveis" ao encerrarem os campos de concentração regularmente sem lhes oferecer alternativas viáveis.
Todos os caminhos vão dar ao Reino Unido
O norte da França tem funcionado como um íman para as pessoas que procuram entrar de maneira clandestina no Reino Unido.

Apesar de o Presidente francês ter prometido esta segunda-feira que ia acelerar o processo de pedidos de asilo para as pessoas consideradas “de boa-fé”, Macron afirmou que o Governo iria adotar uma postura mais rígida e "atacar de frente" a questão da imigração.

"Ao afirmar ser humanista, às vezes somos muito relaxados", alertou o Chefe de Estado francês depois de assegurar que ia acelerar a deportação dos imigrantes.

No entanto, não são apenas o franceses a agir. Em julho deste ano, o secretário do Interior do Reino Unido, Priti Patel, já tinha anunciado planos para fortalecer o sistema de imigração do país. No final de agosto, reuniu-se com o ministro francês do Interior, em Paris, possivelmente para começarem a unir forças.
Os refugiados que fogem da pobreza e do conflito tendem a reunir-se em cidades ao longo da costa francesa na esperança de atravessar o Canal da Mancha rumo ao Reino Unido.
Na opinião de Christophe Castener, a "possibilidade de apoio financeiro britânico" pode ajudar a conter o número de pessoas que tentam atravessar o perigoso Canal da Mancha, seja por meios de contrabando, carros ou pequenos barcos.

O apoio financeiro de Londres vai servir para "reforçar as patrulhas e melhorar a sua eficácia", ressalvou o ministro.
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