Polícia investiga novos ataques em São Paulo que causaram cinco mortos

A polícia brasileira está a investigar se os ataques de terça-feira à noite e hoje de madrugada, que resultaram na morte de dois polícias e três vigilantes, estão relacionados com o grupo criminoso Primeiro Comando da Capital (PCC).

Agência LUSA /

Nas últimas horas foram registados cerca de 38 ataques a tiro contra esquadras e bases da polícia. Pelo menos 12 autocarros, várias agências bancárias, lojas de automóveis e supermercados foram incendiados.

De acordo com as autoridades brasileiras, esta é a maior acção desde os ataques contra as forças de segurança do Estado de São Paulo, que decorreram entre os dias 12 e 13 de Maio, supostamente por membros do PCC.

Um dos motivos desta recente onda de ataques pode ser uma reacção do PCC à detenção, terça-feira à noite, de um dos seus principais líderes Emivaldo Silva Santos, conhecido como BH, durante uma operação policial especial, na região metropolitana de São Paulo.

Num dos ataques mais graves, na zona norte de São Paulo, um grupo de homens armados matou o polícia Odair José Lorenzi, que se encontrava junto à porta de casa.

Ao ouvir os disparos, a irmã do polícia, Rita de Cássia Lorenzi, foi verificar o que se passava e também foi atingida, morrendo no local.

Em outros ataques, na cidade litoral do Guarujá, a 87 quilómetros de São Paulo, indivíduos armados mataram três vigilantes, em diferentes acções.

Na mesma região, bombas de fabrico artesanal foram lançadas contra lojas de automóveis, agências bancárias e diversos autocarros.

Em diferentes locais do Estado, grupos de criminosos dispararam contra várias bases da polícia, sem que nenhum responsável fosse detido.

Na maior onda de atentados, entre 12 e 19 de Maio, o PCC organizou uma série de motins em 82 prisões e 299 ataques contra as forças de segurança, bancos e autocarros.

Os ataques do PCC foram uma resposta à transferência de 765 detidos para a prisão de segurança máxima de Presidente Venceslau, 620 quilómetros a oeste de São Paulo.

Os ataques paralisaram a cidade de São Paulo e deixaram 42 polícias e agentes de segurança mortos, mas até ao momento desconhece- se o número exacto de suspeitos mortos por polícias.

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo refere que foram mortos 123 suspeitos, entre os dias 12 e 20 de Maio.

Grupos ligados à defesa dos direitos humanos afirmam ter sido registadas 492 mortes por armas de fogo, durante esse período, em todo o Estado de São Paulo.

Numa operação policial a 26 de Junho, a polícia de São Paulo matou a tiro 13 pessoas alegadamente ligadas ao PCC, desencadeando a mais recente onda de ataques.

Desde então, os guardas prisionais são o novo alvo do grupo criminoso, quando regressam a casa, ao fim de um dia de trabalho, tendo já sido mortos seis guardas.

Assustados com a onda de violência, os guardas prisionais estão a realizar uma série de protestos para exigir às autoridades medidas de combate ao crime organizado, nomeadamente ao PCC.

Muitos guardas prisionais circulam pela cidade com a matrícula dos veículos coberta com folhas de jornal para evitar serem identificados por grupos criminosos.

No último fim de semana, os guardas prisionais fizeram paralisações em pelo menos 30 prisões, de acordo com o Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo.

A estratégia dos sindicatos é efectuar uma paralisação de 24 horas nas actividades das prisões sempre que um guarda prisional for assassinado.

As autoridades brasileiras decidiram autorizar os guardas prisionais a manter as armas de fogo fora do horário de trabalho como medida de protecção individual.

A Polícia Federal brasileira, instituição responsável pelo controlo de porte de armas no país, iniciou segunda-feira a emissão de autorizações para os agentes penitenciários.

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