Polícia volta à "estaca zero" nas investigações sobre português assassinado no Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, Brasil, 23 Abr (Lusa) - Contradições entre o depoimento da principal testemunha da morte do empresário português Abel Tavares Pereira e as imagens registadas pelas câmaras da via de acesso denominada Linha Amarela, no Rio de Janeiro, levam a polícia a reconsiderar todas as hipóteses.
"Estamos na estaca zero de novo, porque o local do facto não é compatível com o que declarou o amigo da vítima (o português Isaac Nunes da Rocha). Nenhuma tese neste momento é segura", afirmou hoje à Lusa o inspector responsável pelas investigações preliminares.
O polícia, que prefere não se identificar, disse ainda que Rocha será ouvido na próxima sexta-feira de manhã.
"Ele estava muito nervoso no dia da morte do amigo e precisamos ouvi-lo novamente para tentar fazer uma localização exacta de onde o facto ocorreu. Qualquer tese agora seria mera especulação", explicou o inspector.
Abel Tavares Pereira, 67 anos, foi morto no sábado no Rio de Janeiro, quando se dirigia para sua casa, na Barra da Tijuca, pela Linha Amarela, em companhia do amigo Isaac da Rocha, 75 anos.
Pereira não resistiu aos ferimentos causados por uma bala que lhe atingiu o braço esquerdo e lhe perfurou o tórax.
A tese mais forte com que trabalhava a polícia inicialmente era de que o empresário teria sido vítima de uma execução.
A hipótese de Pereira ter sido atingido por uma bala perdida foi considerada remota, mas só seria descartada após uma avaliação no local, que foi feita terça-feira.
Quando os investigadores descobriram a contradição entre as filmagens das câmaras da Linha Amarela e o depoimento inicial de Isaac da Rocha, resolveram reavaliar todas as possibilidades, inclusive a de um eventual assalto.
O corpo de Abel Tavares Pereira foi velado na terça-feira no cemitério São João Batista, na zona Sul da cidade, e será trasladado sexta-feira para Portugal, de acordo com o cônsul de Portugal no Rio de Janeiro, António Almeida Lima.
Natural de Aveiro, Pereira veio para o Rio de Janeiro em 1959 e era dono da rede de lojas Pinheiro Tintas, a maior parte delas localizada em endereços nobres da cidade, como Ipanema, Copacabana, Leblon e Barra da Tijuca.
CMC
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