Polícias e bombeiros do Rio de Janeiro em greve no Carnaval

Depois da paralisação da polícia militar em Salvador da Baía, agora é a vez dos polícias civis e militares e do corpo de bombeiros do Rio de Janeiro aderirem à greve. O protesto teve início ontem à noite, quando faltam poucos dias para o início dos festejos do Carnaval. O governo garantiu que a segurança da cidade durante as celebrações estará a cargo de 14 mil militares do exército.

RTP /
Centenas de agentes da polícia e do corpo de bombeiros do Rio de Janeiro protestam contra o novo projeto salarial Marcelo Sayao/EPA

A greve foi motivada pela aprovação de um projeto de ajuste salarial para as forças de segurança pública. Mais de três mil manifestantes iniciaram ontem uma vigília pelas 18h00 (20h00 em Portugal) na zona central da Cinelândia, onde exigiam a libertação imediata de Benevenuto Daciolo, um bombeiro preso desde quarta-feira por alegadamente ter incitado à greve e aos motins durante a greve da Polícia Militar em Salvador da Baía. A greve foi decretada oficialmente quando eram 23h30 no Brasil (01h30 em Portugal).

A libertação de Daciolo é tida pelas forças do Rio de Janeiro como condição elementar para serem iniciadas as negociações com o governo. Os polícias e bombeiros reivindicam uma base de 3500 reais para o salário mínimo (1530 euros), subsídios de transporte e de refeição de 350 reais cada um (153 euros), uma jornada de trabalho semanal de 40 horas e o pagamento de horas extraordinárias.

Segundo o jornal O Globo, o Presidente do Sindicato da Polícia Civil, Fernando Bandeira, avançou que apenas 30 por cento dos agentes estarão de serviço enquanto durar o protesto, como forma de prevenção para ocorrências muito graves. Já nas corporações de bombeiros, os líderes acreditam que 70 por cento dos efetivos vai aderir à greve.

O aviso fez com que as autoridades do estado acionassem imediatamente um plano de emergência para o Carnaval. Além do exército, também a Brigada Paraquedista vai estar alerta durante a época festiva em que a cidade recebe milhões de turistas.

Dilma "estarrecida" com o pânico instalado na Baía
Entretanto, em Salvador da Baía, prossegue a greve da Polícia Militar, após não ter sido alcançado nenhum acordo sobre as reivindicações dos grevistas, que se prendem com questões salariais. Os manifestantes estão ainda revoltados com a ordem de prisão preventiva decretada a quatro dos 12 líderes do movimento.

O protesto que tem deixado o estado brasileiro entregue a um aumento da violência já foi alvo dos comentários da presidente Dilma Roussef, que confessou ter ficado “estarrecida”: “Considero legítimas as reivindicações numa democracia, mas não podemos admitir que seja correto espalhar o pânico e criar situações não compatíveis com a democracia”, declarou. Dilma sublinhou ainda que se opõe a conceder as amnistias exigidas pelos líderes do movimento grevista.

Durante os nove dias que durou a concentração da Polícia Militar na Assembleia Legislativa foram registados 146 homicídios em Salvador da Baía.

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