Polónia continua dividida entre liberal e conservador a dois dias das eleições presidenciais

A Polónia entra esta sexta-feira no último dia de campanha para a segunda volta das eleições presidenciais, que decorrem no domingo. Tudo aponta para que seja uma eleição renhida, com as sondagens a mostrarem um empate técnico entre o candidato liberal e o conservador.

Mariana Ribeiro Soares - RTP /
Kacper Pempel - Reuters

Os polacos vão ser chamados de novo às urnas no domingo para escolherem o próximo presidente, depois de nada ter ficado decidido na primeira volta, decorrida a 18 de maio.

Rafal Trzaskowski, o candidato liberal apoiado pelo primeiro-ministro Donald Tusk, conseguiu 31% dos votos. Por sua vez, o conservador Karol Nawrocki, apoiado pelo atual presidente, ficou em segundo, com 29% dos votos.

Duas semanas depois, os polacos parecem continuar divididos, uma vez que as sondagens apontam para um resultado extremamente renhido no próximo domingo. A média das últimas sondagens prevê uma vitória bastante apertada para o centrista Trzaskowski, com 50,6% contra 49,4% para Nawrocki.

Dada a pequena diferença entre os dois candidatos nas sondagens, o resultado final pode não ser conhecido até segunda-feira.

A eleição é particularmente importante uma vez que terá grandes consequências para o futuro do Governo pró-UE do país. Uma vitória de Nawrocki, de 42 anos, admirador do presidente norte-americano Donald Trump, pode minar o firme apoio da Polónia à Ucrânia contra a Rússia.

Nawrocki opõe-se à adesão da Ucrânia à NATO e denuncia a ajuda prestada aos refugiados ucranianos na Polónia.

Os analistas preveem que uma vitória de Nawrocki poderá também conduzir a novas eleições parlamentares neste país, membro da UE e da NATO, cujo desempenho económico está entre os melhores da Europa.

Por sua vez, uma vitória do pró-europeu e autarca de Varsóvia, Rafal Trzaskowski, de 53 anos, seria um grande impulso para o Governo liberal de Donald Tusk, que está num impasse político com o presidente conservador Andrzej Duda – impedido de concorrer a um terceiro mandato consecutivo.

Apesar de o cargo de presidente na Polónia ser em grande parte cerimonial, este detém um poder de veto crucial.

O poder de veto do atual presidente conservador impediu o primeiro-ministro de cumprir muitas das suas promessas eleitorais, nomeadamente reformas judiciais, a liberalização da lei do aborto e a introdução de uniões civis para casais do mesmo sexo.

Nawrocki é um grande oponente da coligação de Donald Tusk e espera-se que ele use o veto com tanta frequência, ou até mais, do que Andrzej Duda.
Voto dos eleitores de extrema-direita será crucial
O resultado de domingo dependerá, em grande parte, da capacidade de cada um em conseguir atrair os votos dos dois candidatos de extrema-direita que ficaram em terceiro e quarto lugar na primeira volta das eleições. Os candidatos de extrema-direita receberam mais de 21% dos votos na primeira volta – três vezes mais do que nas últimas eleições presidenciais, em 2020.

Embora esses eleitores apoiem as visões socialmente conservadoras de Nawrocki, alguns discordam do seu apoio a benefícios estatais generosos para os menos favorecidos.

Em Kleszczow, uma aldeia no centro da Polónia onde os candidatos de extrema-direita receberam cerca de um terço dos votos na primeira volta, a maioria dos eleitores inquiridos pela AFP disse que votaria em Nawrocki no domingo.

Para mobilizar os seus eleitores, ambos os candidatos realizaram comícios em Varsóvia na semana passada, cada um atraindo dezenas de milhares de participantes.

c/agências
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