Poluição do ar é o risco ambiental mais importante para a saúde humana na Europa

por Inês Moreira Santos - RTP
Philippe Wojazer/Reuters

Embora os alertas sejam cada vez mais e já sejam visíveis algumas mudanças políticas e sociais no combate à poluição, um relatório da Agência Europeia do Ambiente (AEA), divulgado esta quarta-feira, afirma que a baixa qualidade do ar foi a causa de cerca de 400 mil mortes prematuras na Europa em 2016.

 Quase todas as pessoas na Europa, principalmente as que vivem em cidades e zonas urbanas, estão expostas a níveis de poluição que excedem os limites "saudáveis". A conclusão é do relatório sobre a Qualidade do Ar da Agência Europeia do Ambiente, que apresenta uma visão geral e uma análise atualizada da qualidade do ar na Europa entre os anos 2000 e 2017.

"Atualmente, a poluição do ar é o risco ambiental mais importante para a saúde humana", de acordo com este relatório que analisou ainda os progressos que têm sido feitos de forma a cumprir os padrões de qualidade do ar estabelecidos pelas diretivas da União Europeia (UE) e da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Os estudos mais recentes confirmam que os progressos para a melhoria da qualidade do ar têm sido poucos, apesar dos vários protestos em muitos países, da mobilização mundial e da consciencialização crescente dos impactos da poluição na saúde.

"Os poluentes mais graves da Europa, em termos de danos à saúde humana" são as micropartículas (PM), o dióxido de nitrogénio (NO2) e ozono (O3).

"Alguns grupos populacionais são mais afetados pela poluição do ar do que outros, porque são mais expostos ou vulneráveis a riscos ambientais", explicam os especialistas. Por exemplo, "grupos socioeconómicos mais baixos tendem a ser mais expostos à poluição do ar". Por outro lado, "idosos, crianças e pessoas com problemas de saúde são mais vulneráveis".

De acordo com as investigações, a elevada concentração de micropartículas foi "responsável por cerca de 412 mil mortes prematuras em 2016", principalmente devido à exposição a longo prazo a estas partículas.

No início dos anos 2000 começaram a ser reduzidas as emissões de poluentes atmosféricos. No entanto, segundo este relatório os níveis de material particularmente fino – as micropartículas – encontravam-se quase inalterados entre 2014 e 2017.

Mas a poluição do ar também prejudica a vegetação e os ecossistemas. São vários os impactos ambientais. Os poluentes atmosféricos "afetam diretamente a vegetação e a fauna, assim como a qualidade da água e do solo e os ecossistemas que deles dependem".

Alberto González Ortiz, autor do relatório e especialista em Qualidade do Ar da AEA, afirmou que embora o nível de partículas perigosas no ar das cidades europeias esteja a diminuir, ainda não diminuiu o suficiente.

A União Europeia exige que os Estados-membros avaliem o nível de poluentes nas áreas urbanas e que atuem se determinados limites forem atingidos. Mas "ainda não atingimos os padrões na UE" e, para o investigador também "é claro que estamos longe de atingir os padrões da OMS".

Esta investigação realça ainda a ligação entre a poluição atmosférica e as alterações climáticas, considerando o impacto destes poluentes no aquecimento global.

Por isso as "políticas direcionadas para a redução de poluentes atmosféricos podem ajudar a manter o aumento da temperatura média global abaixo de dois graus".

Reduzindo as emissões de poluentes, de forma a combater a poluição atmosféricas e os riscos para a saúde humana e ambiental, pode-se desacelerar o aquecimento global, conclui o relatório.
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