Popular "Mercado da Seda" entre turistas fechou de vez as portas
O Mercado da Seda, um dos paraísos de compras em Pequim, convertido numa autêntica atracção turística pela vasta oferta de falsificações de grandes marcas internacionais, fechou de vez as portas.
Em dez minutos as escavadoras acabaram com 20 anos de história, na quinta-feira, marcando o fim oficial do mercado, ao demolir as inscrições gigantes da entrada do "Xiushuijie", conforme o nome em chinês, que mantém o nome da rua anterior onde foi erguido.
A razão invocada pelo governo de Pequim para avançar com a demolição do mercado, na lista dos locais a visitar por qualquer turista que em Pequim, não foram as imitações dos relógios Rolex ou as carteiras Louis Vuitton mas sim preocupações "com a segurança".
O gigante asiático, transformado numa autêntica "fábrica do mundo" nos últimos anos, produz 70 por cento dos produtos falsificados a nível planetário, segundo estimativas de especialistas, desde tacos de golfe aos populares filmes em formato DVD.
As escavadoras avançaram sob os protestos dos vendedores. Alguns só mesmo com a intervenção da polícia é que abandonaram o local.
"Os governantes dizem-nos que este mercado ao ar livre, o último do género em Pequim, foi aberto sem autorização dos departamentos de planeamento e engenharia municipal", lamentou Zhao Long, um dos vendedores.
"Nós tentámos tudo para salvá-lo, mas não conseguimos", acrescentou.
"Mercado da Seda" vai agora ser adoptado como nome de um moderno centro comercial construído numa área próxima do actual local.
As autoridades municipais defendem que o novo centro comercial terá melhores condições e poderá acolher três vezes mais vendedores do que o anterior, mas muitos acham que o mercado vai perder o antigo charme.
Para um académico chinês, a demolição do Mercado da Seda e dos outros mercados de rua de Pequim é mais um corte do governo com a tradição da antiga capital imperial.
"Em Pequim não são centros comerciais modernos que faltam, aquilo que falta são áreas comerciais tradicionais, com sabor local", critica Li Fei, professor da Universidade Tsinghua, em Pequim.
O Mercado da Seda já era considerado uma das principais atracções turísticas de Pequim, a par com a Cidade Proibida e a Grande Muralha.
Cerca de 10.000 pessoas visitavam esta estreita rua em cada dia, à procura de produtos "100 por cento" seda, caxemira e os novos modelos da Giorgio Armani, Christian Dior ou da Hugo Boss, a preços regateados.
Nos fins-de-semana, o número chegava aos 20.000 visitantes.
Os lucros eram de pelo menos de 100 milhões de yuans (9,1 milhões de euros) em cada ano, a avaliar pelo dinheiro que os vendedores declaravam em impostos.
Desde 1997 que o governo de Pequim ameaçava que iria fechar este mercado ao ar livre.
Outros dois mercados do género, o Yabaolu, e o Mercado das Pérolas ou o Hong Qiao, também já tinham seguido o mesmo destino.
No ano passado o governo disse que, desta vez, o mercado ia fechar de vez, devido aos vários "perigos escondidos", como os incêndios.
As preocupações eram reais, uma vez que a rua principal com lojas tinha apenas três a quatro metros de largura.
Por outro lado, depois do 11 de Setembro e das sucessivas invasões de norte-coreanos a embaixadas estrangeiras em Pequim, as autoridades chinesas fecharam a sáida-entrada norte da rua, deixando apenas uma aberta.