"Portugal deve reconhecer Estado da Palestina para não permitir que solução de dois Estados deixe de ser possibilidade"
No dia em que a questão da Palestina está em discussão na reunião de ministros de Negócios Estrangeiros em Bruxelas, a Antena 1 acompanhou a iniciativa que levou a embaixadora da Palestina na UE ao Parlamento Europeu para falar da situação da Faixa de Gaza. Amal Jadou espera que os ministros decidiam suspender o acordo de cooperação entre a União e Israel.
Na manhã desta terça-feira, a embaixadora da Palestina na União Europeia, Bélgica e Luxemburgo esteve numa iniciativa organizada pelo eurodeputado João Oliveira, do PCP, para falar da situação que se vive na Faixa de Gaza.
Amal Jadou falou da situação em Gaza e, em entrevista à Antena 1 e à SIC Notícias, disse que “Israel está a travar uma campanha muito severa em áreas residenciais no norte e no centro de Gaza e a intenção é muito clara: retirar toda uma etnia da Faixa de Gaza”.
"Estão a tentar expulsar os palestinianos de Gaza da Faixa de Gaza. Pouco antes de eu sair esta manhã para vir ao Parlamento às 9h00, 53 pessoas – desde o amanhecer até as 9h00 – perderam a vida”.
A embaixadora refere que Israel está “a prosseguir com a sua grande campanha” e recorda “que faz parte do acordo firmado entre a União Europeia e Israel – quando assinaram o acordo de associação – que Israel deve respeitar os Direitos Humanos, os Direitos humanos internacionais e o Direito Internacional em geral. Israel tem rompido o cerne do Direito Internacional com tudo o que está a fazer no terreno, no formato de uma guerra de genocídio e uma limpeza étnica, crimes de guerra, crimes contra a humanidade”.
Amal Jadou refere estar “muito satisfeita por saber que os ministros dos Negócios Estrangeiros europeus estão a discutir o acordo de cooperação entre a União Europeia e Israel” e espera “que o acordo de associação seja suspenso até que Israel respeite suas obrigações com o direito internacional. Jadou admite que os ministros da União Europeia “podem pressionar Netanyahu”.
"A União Europeia é o maior parceiro comercial de Israel. E Israel também beneficia muito dos programas da UE, incluindo o programa O Horizonte Europa – o programa-quadro de investigação e inovação – para o seu avanço tecnológico".
Por isso, “uma mensagem forte vinda da União Europeia e dos seus Estados-membros será muito importante para Israel perceber que este Governo israelita, - para o povo israelita perceber que este Governo está realmente a minar o seu status e a posição na comunidade internacional e também seus privilégios como cidadãos”.
A ajuda humanitária
“A entrada de ajuda em Gaza é realmente uma mensagem muito clara de que Israel entende quando está sob pressão, que agirá, que precisará agir. Não que eles tenham feito muito, porque só permitiram a entrada de nove camiões de ajuda humanitária quando são precisos 44 mil camiões e as pessoas estão a morrer de fome”, refere Amal Jadou.
“Acho que uma mensagem dos europeus será extremamente importante, especialmente se for em conjunto com uma posição dos Estados Unidos”.
O reconhecimento do Estado da Palestina
“Bem, é o mínimo que os países podem fazer neste momento”, diz a embaixadora da Palestina na União Europeia quando questionada pela Antena 1 sobre se Portugal deve reconhecer o Estado da Palestina.
“Portugal sempre foi um firme defensor da solução de dois Estados, mas Israel está a tentar miná-la completamente, destruí-la, evacuando os palestinianos e reocupando Gaza. Acho que agora é o momento da verdade e considero que Portugal também precisa acatar a decisão do Parlamento, tomada há alguns anos, de avançar e reconhecer o Estado da Palestina. Isso é extremamente importante e é a única maneira de salvarmos uma solução de dois Estados”.
Insistir em denunciar a situação é importante
“Vou dizer-lhe com toda a honestidade: todos os dias que estou aqui, sinto-me culpada porque sei que meu povo está a sofrer. Eu sei que meu povo está a ser morto”.
Amal Jadou reforça que “a cada hora uma mulher perde a vida, e muitas crianças já perderam a vida. Estamos a falar de cerca de 20 mil e há 18 mil crianças órfãs sem famílias agora. Isso realmente parte meu coração. E se fosse por mim, eu deixaria tudo e iria para perto do meu povo”.

Mas a embaixadora entende que é também importante denunciar a situação em instituições como o Parlamento Europeu porque “o apagão dos meios de comunicação social que Israel impôs desde que começou sua operação militar é intencional. Israel quer controlar o que o mundo vê, e eu acho que os jornalistas desempenharam um papel importante em nos mostrar o que Israel está realmente a fazer em campo, e eles odeiam isso”.
“Eles não estão felizes com isso”, reforça Amal Jadou, “e os jornalistas também foram alvos. Mais de 220 jornalistas foram mortos em Gaza. É tudo intencional e a intenção é basicamente controlar o discurso e eu acredito que precisamos, na verdade, de mais ações para permitir que os jornalistas internacionais possam entrar em Gaza”.
Marca a agenda e não esquecer a Palestina
O evento deste dia foi organizado pelo eurodeputado eleito pelo PCP, João Oliveira que também inscreveu esta questão na agenda da sessão plenária do Parlamento Europeu no dia de amanhã.
João Oliveira diz que “há necessidade de uma ação política simbólica mas também de uma ação política efetiva. É preciso marcar a agenda e chamar a atenção do Parlamento Europeu para que os europeus saibam que os seus representantes no Parlamento Europeu não esquecem e estão solidários com a Palestina, mas é também preciso uma ação política efetiva para pressionar o Governo de Israel para pôr fim a esta política genocida”.
João Oliveira recorda a proposta de resolução para suspensão do acordo de associação da união Europeia com Israel.
"É preciso que haja pressão sobre as instituições da União Europeia, mas também nos Estados-membros. E nem uns nem outros têm estado ao nível do quem era necessário. E isso é um dos fatores que pesa mais na consciência porque daqui a uns anos estaremos a ver que aconteceu á nossa frente um genocídio e que de parte dos governos nacionais e das Instituições da União Europeia não houve a ação necessária para o impedir".
Mais ajuda humanitária
Portugal juntou-se na segunda-feira a uma declaração de vários países que pediam a entrada urgente de mais ajuda humanitária em Gaza. João Oliveira considera que “esse é um elemento simbólico do que poderia ser a situação se houvesse, de facto, por parte dos governos e das Instituições Europeias outra atitude”.
“A embaixadora da Palestina disse-nos hoje que são precisos 44 mil camiões de ajuda humanitária. Israel deixou entrar nove, ontem, por pressão dos governos europeus. Imagine-se o que seria se houvesse mais pressão desde o início e se houvesse agora toda a pressão necessária sobre Israel para garantir a ajuda humanitária imediata para salvar a vida de milhões de pessoas”.
Que se calem as armas
João Oliveira defende ainda que “é absolutamente prioritário que se calem as armas, que se ponha fim aos bombardeamentos, à violência e às ocupações ilegais. Mas também que se criem as condições para garantir os direitos de um povo que está a ser massacrado há mais de um ano, mas que se ponha em cima da mesa uma solução efetiva para o problema. E a solução para pela concretização de dois estados e uma solução de paz para todo o Médio Oriente”.
Amal Jadou falou da situação em Gaza e, em entrevista à Antena 1 e à SIC Notícias, disse que “Israel está a travar uma campanha muito severa em áreas residenciais no norte e no centro de Gaza e a intenção é muito clara: retirar toda uma etnia da Faixa de Gaza”.
"Estão a tentar expulsar os palestinianos de Gaza da Faixa de Gaza. Pouco antes de eu sair esta manhã para vir ao Parlamento às 9h00, 53 pessoas – desde o amanhecer até as 9h00 – perderam a vida”.
A embaixadora refere que Israel está “a prosseguir com a sua grande campanha” e recorda “que faz parte do acordo firmado entre a União Europeia e Israel – quando assinaram o acordo de associação – que Israel deve respeitar os Direitos Humanos, os Direitos humanos internacionais e o Direito Internacional em geral. Israel tem rompido o cerne do Direito Internacional com tudo o que está a fazer no terreno, no formato de uma guerra de genocídio e uma limpeza étnica, crimes de guerra, crimes contra a humanidade”.
Amal Jadou refere estar “muito satisfeita por saber que os ministros dos Negócios Estrangeiros europeus estão a discutir o acordo de cooperação entre a União Europeia e Israel” e espera “que o acordo de associação seja suspenso até que Israel respeite suas obrigações com o direito internacional. Jadou admite que os ministros da União Europeia “podem pressionar Netanyahu”.
"A União Europeia é o maior parceiro comercial de Israel. E Israel também beneficia muito dos programas da UE, incluindo o programa O Horizonte Europa – o programa-quadro de investigação e inovação – para o seu avanço tecnológico".
Por isso, “uma mensagem forte vinda da União Europeia e dos seus Estados-membros será muito importante para Israel perceber que este Governo israelita, - para o povo israelita perceber que este Governo está realmente a minar o seu status e a posição na comunidade internacional e também seus privilégios como cidadãos”.
A ajuda humanitária
“A entrada de ajuda em Gaza é realmente uma mensagem muito clara de que Israel entende quando está sob pressão, que agirá, que precisará agir. Não que eles tenham feito muito, porque só permitiram a entrada de nove camiões de ajuda humanitária quando são precisos 44 mil camiões e as pessoas estão a morrer de fome”, refere Amal Jadou.
“Acho que uma mensagem dos europeus será extremamente importante, especialmente se for em conjunto com uma posição dos Estados Unidos”.
O reconhecimento do Estado da Palestina
“Bem, é o mínimo que os países podem fazer neste momento”, diz a embaixadora da Palestina na União Europeia quando questionada pela Antena 1 sobre se Portugal deve reconhecer o Estado da Palestina.
“Portugal sempre foi um firme defensor da solução de dois Estados, mas Israel está a tentar miná-la completamente, destruí-la, evacuando os palestinianos e reocupando Gaza. Acho que agora é o momento da verdade e considero que Portugal também precisa acatar a decisão do Parlamento, tomada há alguns anos, de avançar e reconhecer o Estado da Palestina. Isso é extremamente importante e é a única maneira de salvarmos uma solução de dois Estados”.
Insistir em denunciar a situação é importante
“Vou dizer-lhe com toda a honestidade: todos os dias que estou aqui, sinto-me culpada porque sei que meu povo está a sofrer. Eu sei que meu povo está a ser morto”.
Amal Jadou reforça que “a cada hora uma mulher perde a vida, e muitas crianças já perderam a vida. Estamos a falar de cerca de 20 mil e há 18 mil crianças órfãs sem famílias agora. Isso realmente parte meu coração. E se fosse por mim, eu deixaria tudo e iria para perto do meu povo”.
Mas a embaixadora entende que é também importante denunciar a situação em instituições como o Parlamento Europeu porque “o apagão dos meios de comunicação social que Israel impôs desde que começou sua operação militar é intencional. Israel quer controlar o que o mundo vê, e eu acho que os jornalistas desempenharam um papel importante em nos mostrar o que Israel está realmente a fazer em campo, e eles odeiam isso”.
“Eles não estão felizes com isso”, reforça Amal Jadou, “e os jornalistas também foram alvos. Mais de 220 jornalistas foram mortos em Gaza. É tudo intencional e a intenção é basicamente controlar o discurso e eu acredito que precisamos, na verdade, de mais ações para permitir que os jornalistas internacionais possam entrar em Gaza”.
Marca a agenda e não esquecer a Palestina
O evento deste dia foi organizado pelo eurodeputado eleito pelo PCP, João Oliveira que também inscreveu esta questão na agenda da sessão plenária do Parlamento Europeu no dia de amanhã.
João Oliveira diz que “há necessidade de uma ação política simbólica mas também de uma ação política efetiva. É preciso marcar a agenda e chamar a atenção do Parlamento Europeu para que os europeus saibam que os seus representantes no Parlamento Europeu não esquecem e estão solidários com a Palestina, mas é também preciso uma ação política efetiva para pressionar o Governo de Israel para pôr fim a esta política genocida”.
João Oliveira recorda a proposta de resolução para suspensão do acordo de associação da união Europeia com Israel.
"É preciso que haja pressão sobre as instituições da União Europeia, mas também nos Estados-membros. E nem uns nem outros têm estado ao nível do quem era necessário. E isso é um dos fatores que pesa mais na consciência porque daqui a uns anos estaremos a ver que aconteceu á nossa frente um genocídio e que de parte dos governos nacionais e das Instituições da União Europeia não houve a ação necessária para o impedir".
Mais ajuda humanitária
Portugal juntou-se na segunda-feira a uma declaração de vários países que pediam a entrada urgente de mais ajuda humanitária em Gaza. João Oliveira considera que “esse é um elemento simbólico do que poderia ser a situação se houvesse, de facto, por parte dos governos e das Instituições Europeias outra atitude”.
“A embaixadora da Palestina disse-nos hoje que são precisos 44 mil camiões de ajuda humanitária. Israel deixou entrar nove, ontem, por pressão dos governos europeus. Imagine-se o que seria se houvesse mais pressão desde o início e se houvesse agora toda a pressão necessária sobre Israel para garantir a ajuda humanitária imediata para salvar a vida de milhões de pessoas”.
Que se calem as armas
João Oliveira defende ainda que “é absolutamente prioritário que se calem as armas, que se ponha fim aos bombardeamentos, à violência e às ocupações ilegais. Mas também que se criem as condições para garantir os direitos de um povo que está a ser massacrado há mais de um ano, mas que se ponha em cima da mesa uma solução efetiva para o problema. E a solução para pela concretização de dois estados e uma solução de paz para todo o Médio Oriente”.
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