Portugal não pode "baixar a guarda" na corrida ao Conselho de Segurança, diz MNE
O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), Paulo Rangel, defendeu hoje que Portugal não pode "baixar a guarda" na reta final da campanha ao Conselho de Segurança da ONU, insistindo na necessidade de estabilizar tendências de voto.
Num momento em que falta pouco mais de meio ano para a eleição, Portugal promoveu hoje, em Nova Iorque, um evento de comemoração dos seus 70 anos nas Nações Unidas e, ao mesmo tempo, de promoção da candidatura a membro não permanente do Conselho de Segurança para o biénio 2027/2028.
"Esta campanha está a ser feita desde 2013 e isso significa que nós temos, ao longo desses anos, angariado muitos apoios. Agora, do que se trata no semestre final, é essencialmente de reforçar e confirmar esses apoios. (...) Embora haja com certeza Estados-membros da ONU que ainda não definiram o seu voto, aquilo que é importante agora é fazer um trabalho consistente de confirmação e de insistência, porque obviamente que nestes seis meses as coisas podem mudar", admitiu.
"Não é um trabalho que começou agora, é um trabalho de vários Governos e que foi, eu diria, de forma sistemática prosseguida por esses vários Governos. Sem dúvida, julgo que a candidatura de Portugal está bem orientada, mas nós agora não podemos baixar a guarda nestes seis meses", insistiu, em declarações à Lusa e à SIC.
De acordo com o ministro, a campanha de Portugal deverá continuar a ser feita junto de todas as organizações regionais em Nova Iorque, cidade que acolhe a sede da ONU, não apenas ao nível do Ministério dos Negócios Estrangeiros, mas de todas as esferas do Governo e até da sociedade civil.
"É importante que esta seja uma candidatura assumida como própria de todos os portugueses e não apenas uma candidatura do Estado ou do Governo", reforçou Rangel.
Portugal concorre ao Conselho de Segurança - um dos órgãos mais importantes das Nações Unidas, cujo mandato é zelar pela manutenção da paz e da segurança internacional e cujas decisões são vinculativas - sob o lema "Prevenção, Parceria, Proteção".
A eleição, para membro não permanente para o biénio 2027/2028, deverá acontecer em junho do próximo ano.
Portugal tem como adversários diretos a Alemanha e a Áustria, numa disputa pelos dois lugares de membros não permanentes atribuídos ao grupo da Europa Ocidental e Outros Estados.
A candidatura foi formalizada em janeiro de 2013 e as eleições para o referido mandato realizam-se durante a 80.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, em 2026, ano em que António Guterres termina o segundo mandato de cinco anos como secretário-geral da ONU.
Admitindo que ainda há margem para conquistar votos e fazer mudar opiniões, Paulo Rangel observou que "até ao lavar dos cestos é vindima" e, portanto, os meses que faltam até à eleição devem ser utilizados para "estabilizar tendências de voto".
"Se nós agora, por exemplo, deixássemos de ter qualquer atividade de convite, de sensibilização, de apresentação do nosso programa e da nossa candidatura, isso significaria uma derrota, seguramente. É fundamental fazer agora aquele trabalho de reforço daquela que é uma tendência, que eu julgo que se sente, de grande simpatia para com a candidatura portuguesa", sublinhou.
No evento de hoje em Nova Iorque, Portugal apresentou a dezenas de diplomatas o significado do logótipo da campanha portuguesa e reforçou as vantagens de Portugal para o assento não permanente.
Portugal já foi membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU por três vezes: em 1979-1980, 1997-1998 e 2011-2012.
O Conselho de Segurança da ONU é composto por 15 membros (cinco permanentes e 10 não permanentes). Cada membro tem um voto, sendo que os cinco membros permanentes - China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia - têm também poder de veto.
Os membros não permanentes são eleitos para um mandato de dois anos.
No final do próximo ano será também eleito um novo secretário-geral da ONU, havendo uma forte pressão para que o cargo seja ocupado por uma mulher, o que seria a primeira vez em 80 anos de organização.