Portugal quer colaborar para travar raptos em Moçambique

O embaixador português em Moçambique disse hoje à Lusa que Portugal quer colaborar com as autoridades moçambicanas para que "não haja um único rapto" naquele país africano, um crime que deve ser combatido de forma "eficaz e determinada".

Lusa /

"Como o Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, referiu esta semana (...), basta haver um rapto para as autoridades moçambicanas não poderem estar satisfeitas com a situação e, por isso, nós estamos ao lado de Moçambique e queremos colaborar para que não haja um único rapto em Moçambique", disse Jorge Monteiro, em declarações à Lusa.

Para o embaixador português, qualquer situação de criminalidade que coloque em causa a segurança dos cidadãos "é negativa para Moçambique", afasta investimentos, causa transtorno e receio à população e, por isso, deve ser "combatida de forma eficaz e determinada".

 "Portugal apenas pode fazer isto fruto das excelentes relações que temos com Moçambique. Estar ao lado de Moçambique para ajudar a responder a este flagelo que é a criminalidade e neste caso criminalidade grave, como é o caso do rapto de cidadãos", acrescentou Jorge Monteiro.

Reconhecendo uma melhoria da situação de raptos em Moçambique, o diplomata manifestou disponibilidade do Governo português em "colaborar em todos os domínios" que as autoridades moçambicanas "entendam que possam ser úteis".

"Nós estamos sempre disponíveis para colaborar se for essa a vontade das autoridades moçambicanas (...). Basta haver um caso [de rapto] para nos preocupar", disse Monteiro, lamentando o rapto, em 07 de outubro, de um luso-moçambicano.

A polícia moçambicana deteve dois homens suspeitos de envolvimento no rapto do empresário português, em Maputo, anunciou, em 03 de novembro, o Serviço Nacional de Investigação Criminal, que espera em breve chegar à vítima.

Em outubro, o provedor de justiça moçambicano disse que o embaixador português manifestou preocupação pelo aumento de raptos envolvendo cidadãos portugueses no país, pedindo colaboração na procura de soluções para travar a onda de criminalidade contra empresários estrangeiros.

"O provedor de justiça, Isaque Chande, recebeu em audiência o embaixador de Portugal em Moçambique, Jorge Monteiro, com quem passou em revista vários assuntos de interesse comum, com destaque para os raptos e assassinatos de empresários portugueses em território moçambicano, uma situação que preocupa seriamente a representação diplomática portuguesa e a comunidade portuguesa residente", lê-se numa nota do provedor.

A primeira-ministra moçambicana disse, na quinta-feira, que nove dos 10 casos de raptos registados desde janeiro foram esclarecidos e as vítimas resgatadas, apontando "relativas melhorias" na segurança, apesar de "resquícios de violência".

"Mercê das diligências e das ações coordenadas entre as diferentes instituições que garantem a ordem, segurança e tranquilidade pública, assim como da colaboração das comunidades, dos 10 casos de raptos registados no presente ano, nove foram esclarecidos e as vítimas devolvidas ao convívio familiar", disse Benvida Levi, durante a prestação de informações aos deputados, no parlamento, em Maputo.

Na quarta-feira, o Presidente disse que diminuiu o número de raptos em Moçambique, mas, ainda assim, prometeu trabalhar para que o país atinja "zero raptos", face a um "mal" que, segundo o chefe de Estado, atrasa o desenvolvimento da economia e reduz investimentos nacionais e estrangeiros.

Cerca de 150 empresários foram raptados em Moçambique nos últimos 12 anos e uma centena deixou o país por receio, segundo números divulgados em 2024 pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).

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