Português e zimbabueano detidos em Moçambique alegam que armas serviam para proteção
O português e o zimbabueano detidos com armamento no centro de Moçambique alegam que as armas serviam para proteção pessoal, argumento rejeitado pelas autoridades, disse fonte policial.
"Os calibres do armamento apreendido mostram que não é para defesa", própria ou de propriedades, sublinhou, em declarações à Lusa, Mateus Mindu, porta-voz da Polícia em Manica.
Em causa estão os contornos de uma "apreensão recorde de armas nas mãos de estrangeiros", na quarta-feira passada.
Um extenso arsenal, com 38 armas e centenas de munições, foi apreendido em dois apartamentos de um condomínio no bairro de classe média-alta na cidade de Chimoio, onde os dois suspeitos moravam com visto de trabalho em Moçambique.
O português João Moreira da Cruz e o zimbabueano Gert Andrew Naupe foram detidos nos respetivos apartamentos, com as armas distribuídas entre as duas residências.
A polícia não especificou as armas apreendidas em cada um dos apartamentos.
João Moreira da Cruz é dono do Jardim Restaurante, um dos mais prestigiados no centro da cidade de Chimoio.
O restaurante continuava aberto esta sexta-feira, mas os funcionários declinaram-se a fazer qualquer comentário.
Já Gert Andrew Naupe é diretor de uma empresa de comercialização agrícola (DECA), de capitais britânicos, que detém um dos maiores matadouros da região centro de Moçambique e proprietária do condomínio onde estavam escondidas as armas.
Da lista da apreensão policial, a que a Lusa teve hoje acesso, constam 16 pistolas a pressão de ar, 10 pistolas de guerra e quatro carregadores, 9 caçadeiras, 3 armas de pressão de ar, 60 munições de metralhadoras automáticas PK e igual número de munições de fuzil de assalto AKM, 149 munições de pistola, além de quatro coletes a prova de bala.
Nas duas residências foram igualmente apreendidas 43 baionetas, quatro espadas, dois machados e três azagaias.
A polícia recolheu 53 rádios de comunicação de baixa frequência, quatro telemóveis, um relógio bússola e par de binóculos, duas máquinas de filmar e um embrulho de canábis, cujo volume não foi quantificado.
"Continuamos a investigar o destino deste armamento, que já consta do processo que foi remetido ao Ministério Público para procedimentos subsequentes", disse Mateus Mindu.
O porta-voz acrescentou que esta é a segunda apreensão de armamento de guerra envolvendo estrangeiros este ano na província de Manica.
O primeiro caso ocorreu no princípio deste ano, em Machipanda, a principal fronteira terrestre entre Moçambique e Zimbabué, tendo sido apreendidos uma AKM e uma elevada quantidade de explosivos, que supostamente seriam usados no garimpo ilegal.
Na ocasião, um cidadão moçambicano e outro zimbabueano foram detidos e levados à justiça.