Posição de Trump sobre Montes Golã recebida com críticas

por RTP
Netanyahu em visita aos Montes Golã, entre o embaixador norte-americano David Friedman (dir.) e o senador republicano Lindsey Graham Ronen Zvulun, Reuters

Foram vários os países que contestaram a vontade declarada do presidente norte-americano, Donald Trump, de reconhecer a soberania de Israel sobre os Montes Golã. Entre eles, a Síria, a Rússia, o Irão, a Turquia, o Egito e também a União Europeia.

Na quinta-feira, Trump fez uma publicação no Twitter: “Está na hora de reconhecer a soberania de Israel sobre os Montes Golã”.
A Síria, a Rússia, o Irão, a Turquia e o Egito refutaram a posição de Trump.

Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros da Síria, as declarações de Donald Trump reafirmam o “apoio ilimitado” de Washington ao “comportamento agressivo” de Israel. Acrescentou que as declarações do presidente norte-americano foram “irresponsáveis”, mostraram “desprezo” pelo direito internacional e não têm qualquer efeito legal.

O MNE da Rússia alega que uma mudança da soberania dos Montes Golã seria uma violação direta das decisões do Conselho de Segurança da ONU. O Kremlin disse que tem esperança de que o reconhecimento de Trump não seja promulgado.

De acordo com o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão, a declaração de Trump é inaceitável.

Por sua vez, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que a afirmação de Trump desestabiliza seriamente o Médio Oriente e prejudica os esforços para encontrar paz na região. Numa reunião com a Organização da Cooperação Islâmica, Erdogan afirmou: “Não podemos permitir a legitimação da ocupação dos Montes Golã”.

Num comunicado divulgado pela agência estatal de notícias MENA, o MNE do Egito citou a resolução 497 do Conselho de Segurança da ONU de 1981, que rejeitava a anexação do território por Israel.
Contestação da União Europeia
A União Europeia sublinhou que não reconhece a soberania de Israel sobre as colinas Golã.

“A posição da UE não mudou”, disse uma porta-voz da UE à Reuters. “A União Europeia, de acordo com o direito internacional, não reconhece a soberania de Israel sobre os territórios ocupados desde junho de 1967”.

O MNE francês disse que este reconhecimento viola o direito internacional e, por isso não reconhece a anexação israelita dos Montes Golã.

Uma porta-voz do Governo alemão, na sexta-feira, disse que os Montes Golã são territórios da Síria ocupados por Israel.
“Controlados por Israel”
Em fevereiro de 2017, Netanyahu pressionou os Estados Unidos a reconhecerem a soberania de Israel sobre estes territórios. Alguns críticos defendem que as declarações de Trump deram impulso ao primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu na sua campanha de reeleição.

O Governo israelita referiu que não foi avisado com antecedência, tendo descoberto a vontade de Trump através da publicação no Twitter.

No entanto, apesar de a decisão de Trump ter sido inesperada, houve indícios de que iria começar uma mudança nas políticas dos EUA. Pela primeira vez, o Departamento de Estado definiu os Montes de Golã como “controlados por Israel” em vez de “ocupados por Israel”.

Israel considera os Golã uma região estratégica, porque os montes dominam as cidades do norte do país. Nesta área residem cerca de 20 mil judeus e 22 mil árabes sírios.
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