PR alerta para "acólitos do neocolonialismo" que ameaçam "ganhos" de Moçambique

O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, alertou hoje que os "acólitos do neocolonialismo" arriscam fazer "perder" os "ganhos" de Moçambique em 50 anos de independência, pedindo atenção redobrada às populações.

Lusa /

"Se nós, moçambicanos, deixarmo-nos manipular pelos acólitos do neocolonialismo, corremos o risco de perder tudo. Fazemos esta chamada de atenção porque sabemos que a defesa da pátria não se faz somente através das Forças de Defesa e Segurança", disse Chapo.

Ao intervir nas comemorações do 61.º aniversário da Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), na Matola, província de Maputo, data que marca igualmente o início da luta armada no país contra o regime colonial, em 25 de setembro de 1964, o Presidente moçambicano recordou ganhos na saúde, educação, abastecimento de água, energia elétrica, e outros, em 50 anos de independência.

"Todos nós temos algo a fazer para defender a pátria moçambicana, para preservarmos os ganhos da nossa independência nacional. Por exemplo, a vigilância e denúncia para autoridades competentes de um movimento estranho que presenciamos no nosso bairro ou local de trabalho sobre qualquer tipo de ilegalidade, já é bastante no contexto geral da estabilidade do nosso país", apelou o chefe de Estado.

Nesta cerimónia foram condecorados alguns dos 724 veteranos da luta de libertação nacional homenageados em 2025.

"Ontem tivemos um grupo de homens e mulheres que, movidos por um inabalável amor à pátria, e por uma convicção profunda de direito à autodeterminação e independência, empunharam armas contra a opressão colonial até à vitória final. Hoje temos novos heróis que se batem contra o terrorismo em Cabo Delgado e outros males que ameaçam a soberania nacional", acrescentou Chapo.

Moçambique viveu desde as eleições de 09 de outubro de 2024 um clima de violência e agitação social, com manifestações e paralisações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais que deram vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder desde 1975), empossado em janeiro como quinto Presidente do país.

Os conflitos cessaram após encontros entre Mondlane e Chapo em 23 de março, com vista à pacificação. Contudo, Venâncio Mondlane, por não ter partido constituído à data, ficou de fora do acordo assinado no mesmo mês com todas as representações políticas, prevendo diálogo e reformas no país.

Moçambique iniciou em 10 de setembro a auscultação pública nacional e na diáspora sobre o diálogo político para a pacificação do país, que prevê, entre outras matérias, um novo modelo eleitoral e a revisão da Constituição da República.

Daniel Chapo promulgou em abril a lei relativa ao Compromisso Político para um Diálogo Nacional Inclusivo, aprovada dias antes no parlamento, com base no acordo entre o Presidente moçambicano e os partidos políticos, assinado em 05 de março, para ultrapassar a violência e agitação social que se seguiu às eleições gerais de outubro, que provocaram cerca de 400 mortos, saques e destruição de empresas e instituições públicas.

O acordo para pacificação de Moçambique envolveu a criação da Comissão Técnica para o Diálogo Nacional (Cote), que vai tratar, em dois anos, da definição de forças de segurança republicanas e apartidárias, de um novo modelo eleitoral, da revisão da Constituição da República, da reconciliação, unidade nacional e descentralização governativa.

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