PR de Moçambique pede às populações para abandonarem zonas de risco de inundações

O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, pediu hoje às populações de Sofala para abandonarem as zonas propensas a inundações durante a época chuvosa, ao entregar 840 casas construídas pela fundação Tzu Chi para vítimas do ciclone Idai.

Lusa /

"Temos que sair das zonas de risco, zonas de risco são aquelas zonas que quando chega a época chuvosa a qualquer altura podem encher, e sempre que há cheias aqui em Búzi, quando as pessoas estão nas zonas de risco, para lhes tirar não é fácil depois de encher", disse Daniel Chapo.

O chefe do Estado moçambicano entregou hoje 840 casas a famílias afetadas, em 2019, pelo ciclone Idai em Sofala, no centro de Moçambique, infraestruturas erguidas pela fundação de princípios budistas Tzu Chi, orçadas em cerca de 33 milhões de dólares (28,3 milhões de euros).

As 840 habitações foram construídas no distrito de Búzi, na província de Sofala, centro de Moçambique, e fazem parte de um pacote de 2.067 habitações que estão a ser erguidas no centro de reassentamento de Guara-Guara, no mesmo distrito, para apoiar as vítimas do ciclone Idai, que afetou aquela província em 2019.

Ao fazer a entrega das residências, o Presidente moçambicano lembrou que, anualmente, durante a época chuvosa, os moradores de zonas propensas a inundações "têm que estar por cima dos tetos e nas árvores", com o Governo a mobilizar barcos e helicópteros para o resgate, pedindo que tal não volte a acontecer no distrito de Búzi, um dos que foi severamente afetado pelo ciclone Idai.

"É por causa disso que aqui em Guara-Guara estamos a construir estas casas para o nosso povo (...) Vamos construir um centro comunitário para o nosso bairro, vamos construir escolas, local para as crianças brincarem e muitas outras coisas para ser uma futura cidade, essa é que é a nossa intenção", disse Chapo.

O presidente de Moçambique lembrou aos presentes que a zona onde as casas foram erguidas não é propensa a inundações, defendendo a saída das populações das zonas de risco para erguer casas numa nova cidade que começa a crescer em Guara-Guara.

"Não há ninguém que cresce sozinho, não há ninguém que desenvolve sozinho, para desenvolver temos que estar juntos entre irmãos e estes nossos irmãos da Fundação Tzu Chi (...) estão a trabalhar para o bem do povo moçambicano", declarou Chapo.

Daniel Chapo pediu às populações para conservarem as casas, apelando para um esforço coletivo e união na construção de mais residências em benefício da população.

"Estas casas têm uma vantagem. Estas que estão a ser construídas, mesmo em caso de ventania o teto não vai voar porque têm mecanismo de proteção. A outra grande vantagem é que quando chove a casa costuma fazer coleta de água, através das caleiras, para depositar no tanque, o que nos permite ter água", explicou.

Até agora, 1.611 casas já foram entregues por esta fundação em Sofala, que prevê disponibilizar até 2026 mais de 3 mil casas naquela província, destinadas a pessoas afetadas pelo ciclone Idai.

O pacote de apoio à reconstrução da fundação em Sofala está orçado em 108 milhões de dólares (101 milhões de euros), inteiramente disponibilizados pela organização, que está em Moçambique desde 2012, apoiando as autoridades em momentos de emergência.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.

Tópicos
PUB