Praga de gafanhotos devora pastagens e ameaça segurança alimentar no leste de África

por RTP
Dai Kurokawa - EPA

As regiões do leste de África estão a ser invadidas por pragas de gafanhotos do deserto e a ameaçar a segurança alimentar das populações. A ONU pediu ajuda internacional para combater estes enxames que têm destruído hectares de pastagens e campos agrícolas.

Inumeros gafanhotos têm varrido campos de cultivo e de pastagem na Etiópia, no Quénia e na Somália. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) é urgente "evitar ameaças à segurança alimentar, aos meios de subsistência e desnutrição".

Estes enxames "sem precedentes" e "devastadores" têm devorado alimentos e a ONU receia que a população de insetos aumente 500 vezes mais até ao mês de junho. A verdade é que as condições meteorológicas na África Oriental têm favorecido as condições para uma reprodução fácil e rápida de gafanhotos.

Estes insetos vieram do Iémen através do Mar Vermelho. As chuvas intensas no final de 2019 criaram as condições ideais para os insetos que devoram alimentos. E o problema pode piorar com o passar do ano.

"A situação atingiu proporções internacionais que ameaçam a segurança alimentar de toda a sub-região. A FAO está a ativar mecanismos que permitirão avançar rapidamente para apoiar os governos na criação de uma campanha para lidar com esta crise", disse o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu.

Um gafanhoto devora diariamente o seu próprio peso em comida: dois gramas. Segundo a FAO em apenas um dia, um enxame do tamanho de Paris poderia comer a mesma quantidade de comida que metade da população da França.

As autoridades locais "já começaram a aplicar medidas de controlo, mas em virtude da urgência da ameaça é preciso um apoio financeiro adicional da comunidade internacional de doadores para que tenham acesso às ferramentas e recursos necessários para a tarefa".

A Etiópia e a Somália não enfrentavam uma infestação desta escala há cerca de 25 anos, mas a praga está a começar a atingir também o centro do país. Agora, o Sudão do Sul e o Uganda também estão em risco, caso a população de gafanhotos continue a crescer.

"A velocidade de propagação das pragas e o tamanho das infestações estão tão muito além da norma", por isso, a "FAO está pronta para recorrer à sua experiência e facilitar uma resposta regional coordenada".

Os enxames, compostos por centenas de milhões de gafanhotos, podem percorrer 150 quilómetros por dia, e devastar a subsistência rural para alcançarem os seus objetivos de se alimentarem e reproduzirem.

Além dos números crescentes no leste da África, os gafanhotos também estão a reproduzir-se em massa na Índia, no Irão e no Paquistão, podendo transformar-se em grandes enxames na primavera.

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