Preocupação entre habitantes. Cresce a população de ursos pardos nos Pirenéus

por Carla Quirino - RTP
Urso pardo e duas crias nos Pirenéus OFB / Brown Bear Network

Continuam a aumentar as famílias de ursos pardos na cordilheira dos Pirenéus, anunciaram esta semana as autoridades francesas. Mas a presença de ursos nas montanhas entre França e Espanha traz preocupações para os habitantes, devido à ameaça que representam para o seu gado.

A população de ursos pardos estava em vias de extinção na cordilheira dos Pirenéus, mas na década de 1990 as entidades francesas para a biodiversidade iniciaram um programa de reintrodução da espécie.

Os ursos pardos foram então importados da Eslovénia e instalados no ecossistema montanhoso. O sucesso desta intervenção permitiu detetar a presença destes animais em Andorra e no lado espanhol dos Pirenéus, nas regiões da Catalunha, Aragão e Navarra.

Em 2022, foram registados pelo menos 76 ursos na região. Um ano depois, a Agência Francesa de Biodiversidade (OFB) garante que a tendência é para aumentar.

Com um mínimo de 83 indivíduos detetados em 2023, o tamanho da população de ursos pardos continua a aumentar gradualmente nos Pirenéus”, afirmou a OFB. Destes 83 ursos, pelo menos 16 são filhotes.Dezasseis crias
O relatório da OFB destaca o grande número de crias num ano – 16, um novo máximo, em comparação com os 13 de 2022.

O documento descreve também alguns avistamentos com detalhe, desde logo como a ursa Aster tem sobrevivido com oito meses, depois de a mãe Caramelles ter sido morta, em 2021, em Arége. 

Faz referência aos ferimentos da pata da ursa Néré, que já tem 27 anos, e da aparente recuperação. Néré foi detetada no último ano durante o período de cio (foto automática datada de 30 de abril de 2023), "que permite considerar uma ninhada em 2024". 

Já "Claverina não está mais sozinha desde que os machos subadultos Larry e Bious também foram avistados diversas vezes nos vales de Anso e Hecho, que frequenta regularmente", revela a OFB.


A ursa Sorita registada a 8 de agosto de 2023 en Béarn| OLD oso

A grande maioria dos ursos dos Pirenéus ocupa uma zona central, entre Ariége, Haute-Garonne e a Catalunha, mas o núcleo ocidental, no lado de Béarn, Bigorre, Aragon e Navarra, está agora acrescer. Conta com pelo menos sete indivíduos, incluindo Sorita e os seus três ursos, nascidos em maio de 2021, que deixarão os cuidados maternos este ano.
A rede de observadores
A organização Brown Bear Network gere uma rede de observadores que inclui funcionários da OFB e associações de preservação da natureza. Este grupo de trabalho registou fotografias e vídeos e ainda recolheu pêlos e fezes para análise genética. A investigação destes dados permitiu estimar o número de ursos.

Uma das formas de identificar um novo animal passa por cruzar o registo fotográfico com informações genéticas. Um dispositivo automático dispara e carrega a imagem e na proximidade existe uma armadilha de cabelo localizada de frente para a câmara. Esses pêlos, mais tarde recolhidos, são analizados geneticamente e comparados com os dados existentes.


Urso nos Pirinéus | OLD oso

Em comunicado, a Brown Bear Network saudou o aumento dos omnívoros. Porém, adverte para a “crescente endogamia” ou consanguinidade.

Mais de 85 por cento dos ursos nascidos desde 1996 são descendentes de um macho, Pyros. Por isso, a organização exorta o Governo a “trazer sangue novo” com o objetivo de diversificar os genes das famílias.

O relatório da Agência Francesa de Biodiversidade acrescenta informação sobre a interação dos ursos com os habitantes humanos da região.

No ano passado, o número de ataques de ursos pardos aos rebanhos nos Pirenéus franceses aumentou cinco por cento em relação a 2022, enquanto que o número de animais mortos diminuiu sete por cento.

Entre 2020 e 2021, quatro ursos foram mortos ilegalmente.
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