O Presidente Alexander Lukashenko está a ser acusado de ter mandado desviar um aparelho da Ryanair para conseguir deter o blogger Roman Protasevich, que viajava entre Atenas, na Grécia, e Vílnius, na Lituânia.
"O regime obrigou um avião a aterrar para prender Roman Protasevich. Ele enfrenta a pena de morte na Bielorrússia", denunciou na rede social Twitter a líder exilada da oposição, Svetlana Tikhanovskaya, considerada a verdadeira vencedora do escrutíneo.
Protasevich foi responsável pelo canal Nexta da rede social Telegram, que se tornou o principal veículo de informações não governamentais durantes as primeiras semanas de protesto contra os resultados oficiais das presidenciais.
O jornalista já tinha dito que se sentia seguido em Atenas, por agentes ligados aos serviços secretos da bielorrússia.
As versões sobre a aterragem de emergência são também contraditórias, com Minsk a relatar que foram os próprios pilotos a solicitar autorização, enquanto no aeroporto de Vílnius foi reportado um suposto conflito entre os pilotos e alguns dos passageiros.
Fontes próximas da presidência relataram que foi Lukashenko quem ordenou pessoalmente a interceção do avião, que foi escoltado por um caça MiG-19, a fim de supostamente defender a Europa de uma ameaça à sua segurança.
We hold the government of Belarus responsable for the security of all passengers and the aircraft.
— Josep Borrell Fontelles (@JosepBorrellF) May 23, 2021
ALL passengers must be able to continue their travel immediately. (2/2)
"Responsabilizamos o Governo da Bielorrússia pela segurança de todos os passageiros e de aparelho. TODOS os passageiros devem poder seguir imediatamente a sua viagem", tweetou Joseph Borrel responsável pela diplomacia da União Europeia, considerando a ação de Minsk "inadmissível". Também a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyan e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, apelaram a Bielorrússia a deixar partir "todos os passageiros".
Paris denunciou por seu lado o "desvio" do aparelho pelas autoridades da Bielorrússia para deter Protasevich como "um ato inaceitável" e, através do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, apelou também na rede Twitter a uma "resposta firme e unida" dos 27 Estados membros da UE.
Le détournement par les autorités biélorusses d’un vol de @Ryanair est inacceptable. Une réponse ferme et unie des Européens est indispensable. Tous les passagers de ce vol, dont les opposants biélorusses éventuels, doivent être autorisés sans délai à quitter la #Biélorussie.
— Jean-Yves Le Drian (@JY_LeDrian) May 23, 2021
The UK is alarmed by reports of the arrest of @nexta_tv journalist Roman Protasevich & circumstances that led to his flight being forced to land in Minsk. We are coordinating with our allies. This outlandish action by Lukashenko will have serious implications.
— Dominic Raab (@DominicRaab) May 23, 2021
Por sua vez, o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, considerou a detenção do jornalista bielorrusso um "ato de terrorismo de Estado" e assumiu no Twitter ter pedido ao presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, para a UE discutir "sanções imediatas" contra a Bielorrússia já na segunda-feira.
Desde o início dos protestos na antiga república soviética, centenas de jornalistas foram detidos e quase 20 estão ainda presos. Já esta semana foram detidos vários funcionários e repórteres do popular website da oposição tut.by, cujo acesso foi bloqueado no âmbito de um caso de evasão fiscal.
Ainda segundo a imprensa local, o ativista da oposição Vitold Ashurok, que cumpria uma pena de cinco anos por participar em protestos contra Lukashenko, morreu esta semana na prisão em circunstâncias consideradas estranhas.