Presidente da Câmara dos Deputados do Brasil renunciou ao mandato
O presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, renunciou hoje ao mandado de deputado federal e garantiu que vai comprovar sua inocência nos tribunais.
Severino Cavalcanti é acusado de receber dinheiro do empresário Sebastião Buani em 2002 e 2003, quando exercia o cargo de primeiro-secretário da Câmara.
Em troca, Buani teria conseguido a renovação até 2005 do contrato do restaurante que explorava na Câmara dos Deputados.
Com a renúncia, Severino Cavalcanti evita a abertura de um processo de suspensão do seu mandato, que poderia deixá-lo inelegível por oito anos, e deverá candidatar-se novamente nas próximas eleições.
Cavalcanti foi substituído provisoriamente pelo primeiro vice- presidente da instituição, José Thomaz Nonô, do Partido da Frente Liberal.
O regimento da Câmara dos Deputados estabelece um prazo de até cinco sessões ordinárias para que seja realizada nova eleição para a Presidência.
O candidato precisa obter maioria absoluta de votos, ou seja, 257 votos, no mínimo, dos 513 deputados e, caso isto não ocorra, será disputada uma segunda volta entre os dois mais votados.
"Voltarei. O povo me absolverá", sublinhou Severino Cavalcanti no seu discurso de renúncia, reiterando que as acusações do empresário Sebastião Buani são "sem fundamento e mentirosas".
Cavalcanti disse que a sua "condenação veio antes de qualquer sentença" e responsabilizou a elite da Câmara dos Deputados e a imprensa.
"Os meus acusadores não me deixaram alternativa. Optei pela renúncia porque já me sabia condenado de antemão", destacou.
Severino Cavalcanti disse ainda que a política o endividou e que vai viver agora em Pernambuco, seu Estado natal, com a sua reforma.
Em seu discurso de renúncia, lembrou a trajectória política que começou como presidente da Câmara de João Alfredo, em Pernambuco, e incluiu 28 anos como deputado estadual e mais três mandatos como deputado federal.
A sua passagem pela presidência da Câmara durou apenas sete meses, mas foi marcada por declarações e posições polémicas, como a defesa do nepotismo na instituição e a condenação do aborto, mesmo em caso de violação ou risco de morte para a mãe, autorizados por lei.
O escândalo que levou Severino Cavalcanti à renúncia ficou conhecido como "mensalinho", numa referência ao esquema do "mensalão", em que deputados recebiam supostamente dinheiro do Partido dos Trabalhadores (PT) para votarem a favor do governo.