Presidente da Moldova avisa que abstenção nas legislativas terá consequências

A Presidente da Moldova, Maia Sandu, incentivou hoje os cidadãos a irem às urnas no próximo domingo para votarem nas eleições legislativas, cruciais para o futuro do país, lembrando que a abstenção "tem as suas consequências".

Lusa /

"As coisas boas conseguem-se com esforço, demoram décadas, mas as coisas más podem acontecer-nos do dia para a noite", alertou Sandu, numa mensagem de vídeo publicada nas redes sociais.

Segundo a chefe de Estado, tanto as ações como a inação perante determinados acontecimentos têm consequências, e os moldavos devem "estar conscientes disso".

Maia Sandu recordou que a sua batalha pelo futuro da Moldova começou há 10 anos, quando decidiu que não queria viver num "país governado por ladrões".

"O que se seguiu foram anos difíceis de luta contra um regime corrupto e perigoso que abusava das pessoas e minava a reputação do nosso país", acrescentou.

Admitindo que "foi mais difícil" do que poderia imaginar, a Presidente garantiu que não desistiu "nem mesmo quando parecia não haver luz ao fundo do túnel".

"Mobilizámo-nos, implementámos reformas (...) e mostrámos ao mundo inteiro que os moldavos são pessoas honestas e corajosas, não ladrões ou traidores. (...) Finalmente iniciámos o processo de adesão à União Europeia", sublinhou.

De acordo com a última sondagem de opinião pública divulgada na quinta-feira, mais de um quarto (27,8%) dos eleitores moldavos estão indecisos sobre quem deve ganhar as eleições legislativas.

A sondagem refere ainda que o Partido Ação e Solidariedade (PAS), no poder, pró-UE, deverá conquistar 28,6% dos votos nas eleições de 28 de setembro.

Entretanto, o Bloco Eleitoral Patriótico (uma coligação de quatro partidos muito próximos da Rússia) deverá receber 13,9% dos votos.

No entanto, a oposição acusou hoje Sandu e o partido no poder de banir um dos partidos que fazem parte do Bloco Patriótico.

"O partido Coração da Moldova condena a decisão ilegal e politicamente motivada de excluir o nosso partido da campanha eleitoral", afirmou o partido, num comunicado publicado no seu `site`.

Segundo o Coração da Moldova, "este é um espetáculo sujo, orquestrado antecipadamente pelas autoridades com o único propósito de silenciar" os seus adversários.

O ex-presidente moldavo, que é um dos líderes do Bloco Patriótico, Igor Dodon, garantiu que os dias da Presidente Maia Sandu e do PAS no poder "estão contados".

"Eles compreendem que o seu fim está próximo, por isso recorrem à ilegalidade contra os nossos colegas do bloco", disse Dodon durante um protesto na sede da Comissão Eleitoral Central da Moldova (CEC).

Um tribunal de Chisinau proibiu na quinta-feira as atividades do Coração da Moldova durante 12 meses, a pedido do Ministério da Justiça do país, mas a decisão ainda pode ser alvo de recurso para o Supremo Tribunal no prazo de 15 dias.

No início do mês, a polícia realizou buscas nas casas de alguns membros daquele partido, no âmbito de um caso de compra de votos, financiamento ilegal de partidos e branqueamento de capitais.

A Moldova realiza no domingo eleições legislativas descritas pela Presidente como a votação mais importante da História do país, já que vai determinar se o destino do Estado é a União Europeia ou a Rússia.

Com 2,4 milhões de habitantes, a Moldova tem enfrentado várias crises desde a invasão russa à vizinha Ucrânia, em 2022, pondo em risco o Governo pró-europeu de Chisinau, que considera a adesão ao bloco europeu como crucial para se libertar da esfera de influência de Moscovo.

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