Presidente das Honduras diz que não ficará "nem um dia a mais, nem um dia a menos"
A Presidente de Honduras, Xiomara Castro, declarou esta quarta-feira que não ficará no poder "nem um dia a mais, nem um dia a menos" dos quatro anos de mandato, que termina em 27 de janeiro de 2026.
"Nos próximos dias, informarei sobre o encerramento do ano de 2025 e a transição do Governo. Reitero que estarei neste cargo de Presidente da República, conforme determina a Constituição, até 27 de janeiro de 2026, nem um dia a mais, nem um dia a menos", sublinhou a chefe de Estado numa mensagem de Natal aos hondurenhos gravada em vídeo, que foi divulgada pela Casa Presidencial.
A mensagem foi divulgada depois de o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter declarado que o vencedor das eleições gerais de 30 de novembro foi o candidato do Partido Nacional conservador, Nasry `Tito` Asfura, apoiado pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
"Que nunca nos falte a fé em nós mesmos, porque estou convencida de que enquanto um compatriota nosso continuar a lustrar as botas dos estrangeiros e a considerar as remessas como uma dádiva do império, nunca seremos independentes", afirmou Castro, numa alusão tácita aos Estados Unidos.
Além disso, a Presidente agradeceu ao povo hondurenho que a "favoreceu com o seu voto e o seu apoio, e pela honra de ter servido a pátria com dignidade".
"Cumpri o meu dever e o meu compromisso. Desejo-vos um Feliz Natal repleto de bênçãos, amor cristão e esperança. Que o Ano Novo traga paz, prosperidade e felicidade a todos os lares hondurenhos. Vamos seguir em frente. Mantemos a cabeça erguida. Missão cumprida. Obrigada, povo. Obrigada, resistência", disse.
A chefe de Estado também fez um resumo das principais obras sociais e de desenvolvimento de infraestruturas a nível nacional em quatro anos de mandato.
Castro afirmou que o caminho do Governo hondurenho nos três anos e onze meses de mandato não foi fácil, e que recebeu o país "em calamidade económica e extrema pobreza, pagando, como resultado da corrupção, a dívida mais alta da história, sem luz e envolto nas trevas do crime organizado, com mais de 50 chefes extraditados e condenados nos Estados Unidos".
"Hoje, o meu Governo é reconhecido mundialmente e conta com as melhores classificações e indicadores no combate ao narcotráfico, redução de homicídios, segurança, redução da pobreza, desenvolvimento social e produtivo, crescimento, estabilidade macroeconómica, reconhecida publicamente pelo Fundo Monetário Internacional, pela Cepal [Comissão Económica para a América Latina e as Caraíbas] e pela Conta do Milénio dos Estados Unidos [Millennium Challenge Account - MCA, agência norte-americana que financia países com boas políticas econômicas e potencial de crescimento]", afirmou ainda.
Castro chegou ao poder sob a bandeira do Partido Liberdade e Refundação (Libre, esquerda), cujo coordenador-geral é o ex-presidente Manuel Zelaya, seu marido e principal assessor.
O conservador hondurenho Nasry "Tito" Asfura, conhecido no país como "Papá ao vosso serviço", foi declarado esta quarta-feira, com 40,26% dos votos escrutinados, vencedor virtual das eleições presidenciais de 30 de novembro. O escrutínio foi marcado por denúncias de "fraude" desde antes das votações, ameaças contra as duas conselheiras eleitorais junto do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) pelos partidos considerados vencedores, e a alega "ingerência" do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a favor de Asfura.
Asfura derrotou por pequena margem Salvador Nasralla, também conservador, do Partido Liberal, que obteve 39,54% dos votos, quando estavam escrutinados 99,93% dos boletins de voto, segundo o `site` do CNE. À candidata do Libre, Rixi Moncada, que não reconheceu os resultados das eleições, foram atribuídos 705.428 votos, ou 19,19% dos boletins escrutinados.