Presidente de Moçambique assume que o país "precisa e quer apoios" contra o "terrorismo"

por Lusa

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse hoje que o país "precisa e quer apoios" para combater o terrorismo na província de Cabo Delgado, alertando para o risco de alastramento da violência extremista no território nacional e na África Austral.

"Nós precisamos e queremos apoios, sem proclamarmos a nossa resignação neste processo de defesa da pátria e da nossa liberdade", declarou Nyusi.

O chefe de Estado moçambicano falava na Matola, arredores de Maputo, na abertura da IV sessão do Comité Central (CC) da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, do qual também é presidente.

Na ocasião, anunciou a realização na próxima semana de uma cimeira extraordinária da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para a discussão do combate aos grupos armados que protagonizam ataques no norte do país.

"Sendo o terrorismo um fenómeno global, com incidência em Moçambique e com impacto para a região, temos uma responsabilidade partilhada como país e como SADC, sem nunca declinarmos ou minimizarmos o apoio de outros parceiros bilaterais ou multilaterais", afirmou o chefe de Estado moçambicano.

Filipe Nyusi considerou o apoio da SADC na luta contra a insurgência uma questão de respeito pela reciprocidade, recordando que Moçambique ajudou outros países a conquistarem a sua independência.

O Presidente moçambicano admitiu que a ação dos grupos armados que protagonizam ataques na região norte recrudesceu, agravando as "atrocidades" contra a população e a "violação dos direitos humanos".

"A situação política do país tem sido marcada pelo recrudescimento dos ataques armados por grupos terroristas em Cabo Delgado", enfatizou Filipe Nyusi.

O Presidente criticou "a teimosia" dos que dizem que Moçambique tem declinado apoio na luta contra a violência armada, reiterando que o país tem a consciência de que "sozinho" não poderá vencer o "terrorismo", por se tratar de um "fenómeno global".

A sessão do CC decorre à porta fechada no recinto da Escola Central da Frelimo, na Matola, dentro de um dos pavilhões do complexo, junto ao qual se encontram os jornalistas, sendo que a circulação e acesso estão condicionados às medidas em vigor no país para prevenção da covid-19.

Esta é a primeira reunião desde as eleições gerais de 2019 e o partido no poder vai analisar os relatórios da Comissão Política, Comité de Verificação e do Gabinete de Preparação de Eleições Autárquicas de 2018 e Gerais de 2019.

No encontro, os 250 membros do CC da Frelimo vão também avaliar a Proposta do Plano do Orçamento do partido e informações sobre o Plano Quinquenal do Governo (PQG) e o Plano Económico Social (PES) de 2021.

A reunião do CC da Frelimo foi várias vezes adiada devido às restrições impostas no âmbito do combate à pandemia de covid-19.

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo `jihadista` Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 714.000 deslocados, de acordo com o Governo moçambicano.

O mais recente ataque foi feito em 24 de março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.

As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.

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