Presidente de Moçambique pede resposta humanitária célere para deslocados
O presidente moçambicano pediu esta terça-feira uma resposta humanitária "célere e digna" para as vítimas da violência armada em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, província que têm registado novos ataques e dezenas de milhares de deslocados.
"O vosso mandato é garantir uma resposta humanitária digna, célere e transparente. Cada família, cada criança deslocada merece a nossa atenção e nosso apoio. Não podemos aceitar as ineficiências que, por vezes, têm manchado a entrega da ajuda humanitária no nosso país", disse Daniel Chapo, em Maputo, após reconduzir Luísa Meque e Gabriel Monteiro aos cargos de presidente e vice-presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), respetivamente.
O Presidente de Moçambique pediu que o INGD trabalhe "além de mera assistência emergencial" e prepare planos de reassentamentos que "restaurem dignidade, esperança e o futuro" das comunidades afetadas pelo conflito armado.
Desde final de julho, regista-se um aumento dos ataques por grupos extremistas que operam na região e que já provocaram mais de 57 mil deslocados no sul da província de Cabo Delgado - o maior pico de deslocados por ataques, com destino a Chiúre Sede em cerca de um ano.
De acordo com o mais recente relatório da Organização Internacional das Migrações, com dados de 20 de julho a 03 de agosto, "a escalada de ataques e o crescente medo de violência" por parte de grupos armados não estatais nos distritos de Muidumbe, Ancuabe e Chiúre, levaram ao deslocamento de aproximadamente 57.034 pessoas, num total de 13.343 famílias.
O ministro da Defesa moçambicano admitiu no final de julho preocupação com a onda de novos ataques em Cabo Delgado, adiantando que as forças de defesa estão no terreno a perseguir os rebeldes armados.
Hoje, além de pedir apoio, com celeridade, aos deslocados em Cabo Delgado, o chefe de Estado moçambicano pediu também que o INGD responda atempadamente aos eventos climáticos, num país que é considerado um dos mais severamente afetados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, mas também períodos prolongados de seca severa.
"Isso exige contínuo investimento em infraestruturas de proteção, sistemas de alerta precoce que funcionem, bem como o planeamento territorial que leve em conta os riscos climáticos resultantes das mudanças climáticas", disse.
Daniel Chapo pediu ainda um órgão "com tolerância zero para desvios de fundos ou para burocracias" que paralisam a resposta que a entidade deve prestar ao país de forma "célere, rápida e sempre urgente", bem como demonstrar eficácia na mobilização.
Só entre dezembro e março, na época chuvosa 2024/2025, o país foi atingido por três ciclones que, além da destruição de milhares de casas e infraestruturas, provocaram cerca de 175 mortos, no norte e centro do país.
Os eventos extremos provocaram pelo menos 1.016 mortos em Moçambique entre 2019 e 2023, afetando cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.