Presidente de Taiwan rejeita "apaziguamento" como resposta à pressão da China
O líder de Taiwan, William Lai, afirmou que o "apaziguamento nunca foi o caminho para travar regimes autoritários", nas vésperas do possível encontro entre os líderes da China e dos Estados Unidos, divulgou hoje a Presidência taiwanesa.
"Só o princípio da paz através da força pode superar todas as mudanças e desafios (...). Sempre acreditei que Taiwan precisa adotar o espírito de `David contra Golias` para resistir à coerção autoritária", disse Lai, na segunda-feira, durante um jantar com representantes dos Estados Unidos e de Israel, segundo a transcrição divulgada pela Presidência taiwanesa.
No discurso, feito em inglês, o chefe de Estado revelou que o orçamento militar de Taiwan vai representar 3,32% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2026 e 5% em 2030, e que continua em curso o desenvolvimento do novo sistema de defesa aérea `T-Dome`, inspirado na Cúpula de Ferro israelita e na `Cúpula Dourada` proposta por Washington.
"No futuro, Taiwan continuará a aumentar o investimento em defesa. Isso inclui não só o reforço da capacidade da indústria nacional, mas também a aquisição de armas e tecnologias noutros países, para melhorar a nossa capacidade de combate", acrescentou.
As declarações surgem na véspera da reunião prevista entre Trump e Xi, no dia 30 de outubro, à margem da cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), na Coreia do Sul, onde os dois líderes deverão abordar a situação no estreito de Taiwan e as tensões comerciais entre Pequim e Washington. A realização do encontro foi confirmada apenas pela Casa Branca.
Em Taipé, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Lin Chia-lung, afirmou hoje que as relações entre Taiwan e os Estados Unidos são "muito estáveis" e garantiu que Washington "não vai abandonar a ilha".
Também o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, procurou tranquilizar as autoridades taiwanesas, ao dizer que "ninguém está a considerar" trocar um acordo comercial favorável com a China por uma retirada do apoio a Taiwan.
"O que preocupa as pessoas é que se consiga um bom acordo comercial em troca do abandono de Taiwan. Ninguém está a contemplar isso", afirmou Rubio, no sábado.
Pequim considera Taiwan como uma "parte inalienável" de território chinês e tem intensificado nos últimos anos a campanha de pressão sobre a ilha, com o objetivo de alcançar a "reunificação nacional", central na visão de Xi Jinping para o "rejuvenescimento" da China.
Os Estados Unidos, apesar de não manterem relações diplomáticas com Taipé, são o principal fornecedor de armas da ilha e poderão intervir militarmente em caso de conflito com a China.