Presidente de Timor-Leste afirma que hoje se celebra um país livre e soberano
O Presidente timorense afirmou que hoje se celebra um país "livre, soberano e independente" capaz de construir um futuro de desenvolvimento e de afirmação internacional, num discurso para assinalar os 50 anos de declaração unilateral da independência.
"Hoje celebramos o presente. Um Timor-Leste livre, soberano e independente", afirmou José Ramos-Horta, no discurso proferido na cerimónia, que decorreu no Palácio do Governo, em Díli, e onde há 50 anos foi declarada unilateralmente a independência.
"Olhamos para o futuro que desejamos e que estamos plenamente capazes de construir. Um futuro de prosperidade partilhada, de desenvolvimento contínuo e de afirmação internacional, rumo a uma Nação moderna, respeitada e segura do seu lugar no mundo, plenamente integrada na ASEAN e na comunidade internacional", disse o chefe de Estado timorense.
Timor-Leste declarou unilateralmente a independência, em 28 de novembro de 1975, nove dias antes da Indonésia ocupar o território, em 7 de dezembro de 1975.
A restauração da independência aconteceu a 20 de maio de 2002, depois da realização de um referendo pela autodeterminação a 30 de agosto de 1999 e de 24 anos de resistência contra a Indonésia.
No discurso, o Presidente também reafirmou que Timor-Leste escolheu com "maturidade e grandeza, a reconciliação genuína" com a Austrália e a Indonésia.
José Ramos-Horta destacou os números que contrariam as "vozes que insistem em vestir" o destino do país "com as cores da desgraça".
"Em 1974, último ano da administração portuguesa, menos de 10% da população falava português. Hoje, mais de 30% compreende e utiliza esta língua, não necessariamente como primeira língua, mas como marca de identidade", afirmou o também prémio Nobel da Paz.
Naqueles tempos, recordou o chefe de Estado, a esperança de vida de um timorense "mal chegava aos 36 anos", tendo descido durante a ocupação indonésia para 22,9 anos.
"Hoje, em 2025, as mulheres vivem em média 71 anos e os homens 70, não há certamente melhor índice para atestar a nossa evolução", salientou o chefe de Estado.
O Presidente recordou também que em 1974 o país não tinha médicos formados localmente - hoje existem cerca de 1.400 - nem doutorados e mestres.
Atualmente, Timor-Leste tem cerca 212 doutorados e mais de 1.600 mestres, bem como 18 universidades e cerca de 60.000 estudantes universitários.
No discurso, o chefe de Estado destacou os avanços no campo da saúde pública, salientando que o país está livre de malária, filariose linfática, rubéola, lepra e elefantíase.
Para José Ramos-Horta, Timor-Leste celebra uma "democracia jovem, mas sólida; vulnerável, mas resiliente; imperfeita, mas profundamente livre".
"Uma democracia onde o povo respira liberdade, participa, critica, escolhe e sonha", salientou.
A cerimónia contou com a participação do vice-presidente da Assembleia da República, Rodrigo Saraiva, da antiga primeira-ministra são-tomense Maria das Neves, do antigo chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas de Portugal António Silva Ribeiro, membros do Governo, corpo diplomático e representantes de organizações internacionais.