O Presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, anunciou hoje que iniciou as discussões para a formação de um Governo de união nacional, de forma a tentar acalmar os crescentes protestos a si dirigidos.
"Decidi iniciar consultas para a formação de união nacional", afirmou o chefe de Estado maliano, conhecido por IBK, às autoridades e a membros da sociedade civil, segundo a agência France-Presse.
O Presidente do Mali anunciou também consultas sobre o parlamento e o Tribunal Constitucional.
IBK lidera desde 2013 o Mali, país fortemente afetado pela violência `jihadista` e por uma crise multidimensional, e tem sido contestado desde as eleições realizadas em março e abril, sendo alvo de protestos liderados por uma coligação conduzida pelo xeique Mahmoud Dicko.
O descontentamento surgiu depois do anúncio dos resultados definitivos das eleições legislativas realizadas em março e abril, pelo Tribunal Constitucional, que deram ao partido no poder mais 10 lugares que o previsto nos resultados provisórios.
A tensão política no Mali foi também estimulada pelo sequestro de Soumaila Cissé, um líder da oposição, poucos dias antes das eleições, sendo que este continua desaparecido.
A instabilidade que afeta o Mali começou com um golpe de Estado em 2012, quando vários grupos rebeldes e organizações fundamentalistas tomaram o poder do norte do país durante 10 meses.
Os fundamentalistas foram expulsos em 2013 devido a uma intervenção militar internacional liderada pela França, mas extensas áreas do país, sobretudo no norte e no centro, escapam ao controlo estatal e são, na prática, geridas por grupos rebeldes armados.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 4.000 pessoas foram mortas em ataques terroristas em 2019 no Mali, Burkina Faso e Níger, tendo o número de pessoas deslocadas aumentado 10 vezes, ficando próximo de um milhão.
Além de uma força conjunta do G5 Sahel - composta por militares de Mali, Burkina Faso, Níger, Chade e Mauritânia -, a região conta também com a operação Barkhane, uma missão das Forças Armadas francesas no Mali, e da Minusma, a missão da ONU no Mali, na qual participa Portugal.