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Presidente do parlamento pede a moçambicanos para abandonarem fileiras do terrorismo

A presidente do parlamento moçambicano pediu hoje aos cidadãos para abandonarem as fileiras do terrorismo que assola a província de Cabo Delgado, norte do país, desde 2017, referindo que este é o caminho para desenvolver Moçambique.

Lusa /

"Apelamos aos que se encontram nas fileiras dos terroristas a abandonarem o caminho da violência para se juntarem aos demais moçambicanos, para juntos desenvolvermos Moçambique num ambiente de convivência pacífica entre irmãos", disse a presidente da Assembleia da República de Moçambique, Margarida Talapa.

A responsável falava em Maputo, ao dirigir as cerimónias que marcam os 33 anos do Acordo Geral de Paz (AGP), assinado em 04 de outubro em 1992, em Roma, marcando o fim da guerra civil, conhecida também como Guerra dos 16 anos, entre as forças governamentais e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).

Nas suas declarações, Talapa condenou os ataques terroristas na província de Cabo Delgado e elogiou a atuação das Forças de Defesa e Segurança que, disse, "com coragem, patriotismo e sacrifício", continuam a combater a insurgência naquela região, defendendo a soberania, integridade territorial, proteção das populações e das infraestruturas.

"Os ataques que provocam luto e sofrimento forçam as populações a abandonarem as suas zonas de residência, destroem infraestruturas e não representam aquilo que nós somos como moçambicanos", criticou a presidente do parlamento.

A província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, rica em gás, é alvo de ataques terroristas há oito anos, com o primeiro ataque registado em 05 de outubro de 2017, no distrito da Mocímboa da Praia.

As agências das Nações Unidas relataram que quase 22 mil pessoas fugiram de três distritos de Cabo Delgado, incluindo Mocímboa da praia, de 19 a 26 de setembro, devido ao recrudescimento dos ataques, que em oito anos já provocaram mais de um milhão de deslocados, segundo estimativas oficiais.

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques, no norte de Moçambique, a maioria reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo dados divulgados.

Moçambique comemora hoje 33 anos após o AGP. Durante 16 anos (1977-1992), Moçambique viveu uma guerra civil, também conhecida como a `Guerra dos 16 anos`, que opôs o exército governamental e a Renamo, tendo terminado com a assinatura do Acordo Geral de Paz, em Roma, em 1992, entre o então Presidente, Joaquim Chissano, e Afonso Dhlakama, líder histórico da Renamo, abrindo-se espaço para as primeiras eleições, dois anos depois, após um conflito com estimativas de um milhão de mortos e elevada destruição.

Em 29 de julho, a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) criticou o Presidente moçambicano por apelar a uma reflexão sobre o Acordo Geral de Paz (AGP), acusando-o de promover "intolerância e arrogância governativa".

Em causa está um pedido do chefe do Estado moçambicano, em 17 de julho, aos membros das Forças de Defesa e Segurança para repensar o cumprimento e a validade, incluindo os entendimentos subsequentes do Acordo Geral de Paz entre o Governo e a Renamo, colocando fim à guerra dos 16 anos.

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