Presidente italiano recebe prémio Carlos Magno 2005
O Presidente italiano, Carlo Azeglio Ciampi, um partidário da Constituição Europeia, recebeu hoje em Aix-la-Chapelle (este da Alemanha) o prémio Carlos Magno 2005, destinado a galardoar uma personalidade ou uma acção que promova a unidade europeia.
Ciampi, 84 anos, é "um guia espiritual infatigável" da construção europeia, disse o seu homólogo alemão, Horst Kohler num discurso pronunciado por ocasião da cerimónia de entrega do prémio no edifício da Câmara de Aix-la-Chapelle.
O presidente italiano, um dos pioneiros do euro, "transporta a chama da Europa sem nunca se cansar", acrescentou Kohler.
Na entrega do prémio, Ciampi disse que o Tratado da Constituição "melhora a estrutura de Governo de uma Europa unida e reforça as instituições para manter um equilíbrio justo entre elas".
Criado em 1950, o prémio Carlos Magno tornou-se ao longo dos anos um galardão importante ao serviço da causa e da unificação europeias.
Jurgen Linden, presidente da Câmara da cidade onde decorreu a cerimónia, referiu a França como um dos lugares onde há o perigo de não ser ratificada a Constituição Europeia.
Lembrando que em Itália o Tratado já foi aprovado, Ciampi realçou que só com entusiasmo é possível dar um novo impulso ao relançamento da União Europeia "que não é uma construção artificial, mas uma realidade institucional baseada na unidade da civilização europeia".
"Para a Europa sobreviver tem de mudar radicalmente", disse Ciampi recordando que os fundadores já tinham percebido que para garantir a paz e o progresso aos povos não bastariam os tratados de paz e as promessas de colaboração entre Estados.
Quanto à política externa, o chefe de Estado italiano lamentou que a UE não consiga falar a uma só voz em todas as circunstâncias.
Por seu lado, o Presidente alemão disse que nestes tempos de mudança, a Europa deve fazer valer o seu peso político sem que este repto se dirija contra ninguém e "muito menos contra os Estados Unidos, que deram tanto à Europa, incluindo as vidas de muitos dos seus filhos na Guerra Mundial", disse.
Sobre a actual situação da Europa, Kohler disse que a integração europeia foi sempre difícil e passou por crises frequentes, mas os seus cidadãos saíram quase sempre fortalecidos delas.
Em 2004, o prémio foi entregue ao antigo presidente do Parlamento Europeu Pat Cox e em 2003 o galardão foi concedido ao dirigente da Convenção sobre o futuro da Europa, o antigo Presidente francês Valéry Giscard d'Estaing (1974-81). Em 2002 o prémio foi entregue, simbolicamente, à moeda única europeia.
Entre os 800 convidados presentes na cerimónia estavam vários galardoados com este prémio em anos anteriores como o rei Juan Carlos I de Espanha, o conde Henrique do Luxemburgo, o ex-presidente italiano Emílio Colombo e Jean-Claude Trichet, em representação do Banco Central Europeu.