Presidente moçambicano quer "secreta" atenta a "surpresas" e "desestabilização"

O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, pediu hoje ao novo diretor-geral dos serviços secretos que coloque operacionais "nos locais mais difíceis de penetrar" para defesa da segurança do Estado, avisando que não vai tolerar "surpresas" e "ataques de desestabilização".

Lusa /

"Nós não iremos tolerar que o Estado seja surpreendido com ataques de desestabilização militar ou económica promovidos pelos inimigos da nossa independência e da nossa pátria", afirmou Daniel Chapo, ao empossar, na Presidência da República, em Maputo, José Pacheco no cargo de diretor-geral do Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE).

Chapo recomendou a José Pacheco que encontre mecanismos para que operacionais do SISE "estejam mergulhados nos locais mais difíceis de penetrar, para buscar informações cruciais para a segurança do Estado Moçambicano, que custou muito sangue".

"Só assim saberá com muita antecedência o que é que os inimigos do povo moçambicano pensam e o que estão a planificar a curto, médio e longo prazos contra o Estado Moçambicano", disse.

Antigo ministro do Interior (2005 a 2009), Pacheco substitui Bernardo Lidimba, que perdeu a vida em maio do ano passado num acidente de viação.

Ainda no discurso da tomada de posse, Chapo recordou que Moçambique "é vítima de ataques terroristas desde o ano 2017" e que o SISE "tem muita informação sobre o fenómeno, mas que não é suficiente", recomendando que deve "chegar ao âmago" do problema.

"Significa identificar, de forma clara e com provas concretas, os mandantes, os líderes, as fontes de financiamento, a origem do terrorismo, as lideranças, seus objetivos, as motivações, os operativos, suas ligações internas e externas e o seu modo de operar a vários níveis. Para que outras forças façam o seu trabalho, com os detalhes necessários, e as instâncias judiciais cumpram o seu papel para que este fenómeno passe um dia para a história", apontou.

Chapo assumiu que Pacheco toma posse "num contexto adverso e desafiante" de ameaças à segurança do Estado, pedindo o reforço da atuação do SISE, desde logo no apoio ao combate ao crime organizado, que visa "prioritariamente pôr em causa a paz social".

"Estes criminosos, para atingir os seus intentos, infiltram-se nas inspeções-chave do Estado e atuam dentro do próprio Estado. Temos hoje infiltrados em setores como o de emissão de certidão de nascimento, o de bilhete de identidade, o de passaportes, que são os documentos de identificação nacional, que só podiam ter pessoas de nacionalidade moçambicana originária ou adquirida nos termos da lei, resultando daí uma falsificação subsequente de todos os documentos a eles associados, como o NUIT [número fiscal], a carta de condução, o passaporte, facto que facilita as ações dos criminosos", denunciou.

Além do terrorismo, destacou como preocupações do SISE o "financiamento a organizações antidemocráticas", a "subversão, a manipulação da população, a compra de mentes para criar o caos e a desordem social", entre outros crimes nacionais e transnacionais, dos cibernéticos ao tráfico de droga e dos raptos ao branqueamento de capitais.

"Esses tipos de ameaças demandam abordagens diferentes que não podem combater exclusivamente com apenas as técnicas e abordagens tradicionais de inteligência e contrainteligência. Por isso, não podemos ser apenas reativos. No mundo do crime, vale mais prevenir do que remediar, como na saúde", insistiu Chapo, pedindo a Pacheco um SISE "transfigurado", combantendo a fuga de informação e as práticas de corrupção interna.

Embora nunca tenha admitido publicamente, José Pacheco foi dos primeiros nomes apontados dentro da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, para a sucessão do antigo Presidente moçambicano Filipe Nyusi, que viria a ser assumida por Daniel Chapo.

José Pacheco, 66 anos, foi ainda ministro da Agricultura (2010 a 2014), da Agricultura e Segurança Alimentar (2015 a 2017), dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (2017 a 2019), entre outros cargos a nível distrital, regional e nacional.

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