Presidente sírio garante que não cede após ataques de Israel

O presidente interino da Síria condenou Israel "por atacar em larga escala instalações civis e governamentais" em Damasco, na quarta-feira. O objetivo declarado dos ataques israelitas é intervir em apoio à comunidade drusa, minoria na Síria, que enfrenta um conflito com outros grupos armados sírios.

Cristina Santos - RTP /
Israel atingiu o Ministério da Defesa da Síria e a zona perto do palácio presidencial. Khalil Ashawi - Reuters

Na primeira declaração que fez após os ataques a Damasco, o presidente interino sírio fez questão de avisar que a ação israelita teria levado "a uma escalada em larga escala, não fosse a intervenção efetiva da mediação norte-americana, árabe e turca, que salvou a região de um destino desconhecido".

Os ataques de Israel a Damasco ,na quarta-feira, surgiram após o início de conflitos armados entre combatentes beduínos sunitas e milícias drusas no sul da Síria, no fim de semana passado.

Estes confrontos na cidade de Sweida (cidade síria predominantemente drusa), no sul do país, provocaram mais de 350 mortos desde domingo, de acordo com um observador de guerra citado pelo jornal eletrónico The Guardian.

As forças sírias foram acusadas de também atacarem os drusos, o governo não respondeu a estas acusações específicas, mas condenou os ataques à minoria druza.

O presidente interino da Síria afirmou que as suas tropas estão presentes na região para restaurar a ordem.

Israel atingiu o Ministério da Defesa da Síria e a zona perto do palácio presidencial. Um porta-voz do exército israelita disse que estes ataques foram uma mensagem ao presidente sírio "sobre os eventos em Sweida".

Esta quinta-feira, várias testemunhas, em declarações à Agência France Press (AFP), contam ter visto as forças governamentais a abandonar a região de Sweida.

O secretário de Estado dos EUA, na rede social X, anunciou um acordo para restaurar a calma na região.

Marco Rubio apelou a "todas as partes que cumpram os compromissos assumidos", sem entrar em detalhes sobre a natureza do acordo.
Quem são os drusos?A fé drusa é um ramo do Islamismo xiita, com identidade e crenças próprias. Eles ocupam historicamente uma posição precária no ordenamento político da Síria.

Metade dos seus cerca de um milhão de seguidores vive na Síria e compõem cerca de 3% da população do país.

Existem também comunidades mais pequenas no Líbano, Israel e nos Montes Golã.

No início deste ano, Benjamin Netanyahu alertou que não iria "tolerar qualquer ameaça à comunidade drusa no sul da Síria" pelas novas forças de segurança do país.

O primeiro-ministro israelita exigiu também a desmilitarização completa de grande parte do sul da Síria.

Israel considera o Hayat Tahrir al-Sham (HTS) — o grupo islâmico sunita do novo presidente da Síria, Ahmed al-Sharaa — como uma ameaça.

PUB