Presidente timorense continua a ouvir partidos políticos antes de marcar data de eleições

por Lusa

O Presidente timorense voltou a receber hoje delegações de partidos políticos com assento parlamentar, no âmbito de consultas antes de decretar a data das legislativas deste ano.

José Ramos-Horta recebeu uma delegação do Partido Libertação Popular (PLP), força liderada pelo primeiro-ministro, Taur Matan Ruak.

"Demos a nossa opinião ao Presidente e a questão principal tem a ver com a decisão do Presidente de decretar as eleições legislativas. Na opinião do PLP, a eleição geral, 20 anos depois da restauração, requer uma boa preparação, e em termos logísticos e quadro legal para garantir o voto, recursos humanos para operacionalizar e destacar para o processo e no fundo para o PLP", afirmou um dos dirigentes do PLP e atual secretário de Estado do Ambiente, Demétrio do Amaral de Carvalho.

O responsável disse que o PLP vai organizar oportunamente um congresso nacional, antes do voto, para decidir várias questões, incluindo eventuais coligações ou plataformas.

Durante a tarde, Ramos-Horta ouviu uma delegação do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT, maior força da oposição), do antigo Presidente Xanana Gusmão, que defendeu a realização do voto mais cedo do que alguns dos partidos do Governo pretendem.

"Falámos sobre a marcação da data das eleições. Alguns membros do Governo têm feito declarações de que o voto devia ser mais tarde, em agosto ou setembro. A Comissão Política Nacional do CNRT reuniu-se, falámos sobre essa questão para ver se têm ou não razão", disse o líder histórico timorense, aos jornalistas.

"Consideramos que não há qualquer razão para adiar a eleição para mais tarde, porque a Constituição diz que o mandato é de cinco anos", afirmou.

Xanana Gusmão confirmou que o CNRT não vai participar em qualquer coligação pré-eleitoral, como tinha já declarado à Lusa esta semana.

"A coligação pré-eleitoral foi um erro que cometi em 2018, porque depois tivemos que ouvir pressões e pedidos de vários cargos. Foi muito complicado. Não vai haver qualquer coligação pré-eleitoral", reiterou.

Na quinta-feira, José Ramos-Horta tinha recebido delegações do Partido Democrático (PD), na oposição, e do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), um dos três partidos do Governo.

À saída da reunião, o deputado do PD António da Conceição disse que a reunião foi uma oportunidade para falar sobre os preparativos das legislativas.

"A Constituição e as leis são claras no processo. Respeitaremos a decisão do Presidente sobre a marcação de eleições, respeitando o que diz a Constituição que define os mandatos em cinco anos", afirmou.

"O PD está pronto e deu garantia ao Presidente de que estamos preparados para concorrer de novo", disse.

O conselheiro máximo do KHUNTO, José Naimori, reiterou que cabe ao Presidente marcar a data e que o partido está pronto para participar no voto.

"Estamos prontos para continuar a trabalhar", disse, explicando que o KHUNTO vai concorrer sozinho às legislativas.

"O povo decide, o povo julga se gosta de um partido ou outro. Cada um compete por si, e depois do voto, forma-se Governo", disse, acrescentando que "a plataforma atual assegurou o oitavo Governo, mas agora falaremos do futuro depois das eleições".

Na próxima semana deverá decorrer a reunião com a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), maior partido no parlamento e no Governo.

As consultas arrancaram com o Governo em janeiro, tendo decorrido, ainda no mês passado, audiências com responsáveis da União Democrática Timorense (UDT), da Frente Mudança (FM) e do Partido Unidade e Desenvolvimento Democrático (PUDD), cada um com um assento no Parlamento Nacional.

As três forças apresentaram-se coligadas nas eleições antecipadas de 2018, com a Frente de Desenvolvimento Democrático (FDD), acabando depois do voto por se separar devido ao que o PUDD considerou serem diferenças políticas sérias entre as três.

A lei em vigor fixa em 4% dos votos válidos a barreira mínima para eleger deputados.

O método de Hondt aplicado em Timor-Leste implica que os votos em forças que não consigam eleger ninguém para o Parlamento, de 65 lugares, sejam redistribuídos proporcionalmente pelos partidos que elegem deputados.

Nas eleições presidenciais, do ano passado, registaram-se cerca de 650 mil votos válidos, pelo que se essa taxa de participação se repetir, a barreira de 4% rondaria os 26 mil votos. Ainda não é conhecido o número total de eleitores.

 

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