Presidentes africanos e UA lamentam morte do ex-PM queniano Raila Odinga

Vários presidentes africanos e a União Africana (UA) lamentaram hoje a morte do ex-primeiro-ministro e líder da oposição queniana Raila Odinga, recordando-o como uma figura de referência pan-africanista.

Lusa /

Raila Odinga sofreu hoje uma paragem cardíaca e foi levado para um hospital, onde foi declarada a sua morte. O ex-primeiro-ministro encontrava-se a receber tratamento médico nas últimas semanas na cidade de Cochim, no sul da Índia.

O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, expressou na rede social X as suas "mais sinceras condolências" pela morte de Odinga.

O Presidente da Comissão da União Africana, Mahmoud Ali Youssouf, disse que África perdeu "um dos seus filhos mais visionários" e que Odinga foi uma figura-chave na defesa da democracia e da justiça no continente.

"O seu compromisso de décadas com a justiça, o pluralismo e a reforma democrática deixou uma marca permanente não apenas no Quénia, mas em toda a África. Inspirou gerações de líderes, incluindo a mim, e de cidadãos com a sua coragem, resiliência e convicção inabalável no poder do diálogo e das instituições democráticas", afirmou Youssouf, acrescentando que "o seu legado continuará a inspirar" os "esforços coletivos para construir uma África pacífica, próspera e democrática".

Por sua vez, a Presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, lamentou a perda de "um líder notável, um pan-africanista, amante da paz e mediador de soluções, cujo carisma e amor transcenderam as fronteiras do Quénia para abranger toda a África Oriental e o continente como um todo".

Também o Presidente do Djibuti, Ismail Omar Guelleh, apresentou condolências, descrevendo Odinga como um "líder visionário", enquanto os seus homólogos das Comores, Azali Assoumani, e da Zâmbia, Hakainde Hichilema, recordaram-no como uma "ilustre figura política" africana, dizendo que o seu legado vai perdurar.

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, lamentou também a morte do ex-primeiro-ministro queniano, escrevendo na rede social X que Odinga "foi um estadista notável e um querido amigo da Índia".

"Ele tinha um afeto especial pela Índia, pela nossa cultura, pelos nossos valores e pela nossa sabedoria ancestral", disse.

Por seu turno, o secretário executivo da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento, Workneh Gebeyehu, lamentou a perda de "um dos filhos mais emblemáticos de África", um "pan-africanista inquebrável, dedicou a sua vida à busca da democracia, da justiça e da unidade".

Raila Odinga era o líder do Movimento Democrático Laranja (ODM, na sigla em inglês), concorreu cinco vezes às eleições presidenciais (1997, 2007, 2013, 2017 e 2022), sem nunca ter conseguido vencer, acusando os adversários de fraude eleitoral.

Foi primeiro-ministro entre 2008 e 2013, função criada depois da onda de violência pós-eleitoral de 2007, quando, depois de perder por uma pequena margem e ter denunciado irregularidade, o Quénia mergulhou em graves confrontos étnicos que fizeram mais de 1.100 mortos e 600 mil deslocados.

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